Esta data no Evangelho (12 de dezembro)

Francisco Muniz // 




Minha tia Dete, espírita de Alagoinhas e aniversariante de hoje – a mulher que me encaminhou ao Espiritismo –, é leitora destes textos e diz, a exemplo de outros companheiros, que consegue encontrar aqui incentivo para mais pesquisar sobre o ensinamento do Cristo. Voltamos, portanto, ao Evangelho de João para continuar nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento, tentando aprofundar um pouco mais nosso conhecimento acerca das lições de Jesus. Assim, hoje, dia 12 de dezembro, a Bíblia de Jerusalém nos apresenta o texto do versículo 12 do 12.º capítulo, nestes termos “quebrados”, colocados sob a epígrafe “Entrada messiânica de Jesus em Jerusalém”:

“No dia seguinte, a grande multidão que viera para a festa, sabendo que Jesus vinha a Jerusalém (...)”

Ainda guardo a intenção de escrever um trabalho que intitulei “Jesus e a multidão”, em parceria com um querido amigo, um projeto que ocupa minha mente há, pelo menos, quatro anos. Nele, eu pretendia descrever, o quanto possível, as peculiaridades das massas em torno do Messias, nos movimentos de aproximação pelo encanto e de afastamento pela defecção, ambos fortemente marcados pelos arroubos apaixonados que costumam caracterizar o comportamento das almas ainda distantes do conhecimento de si mesmas. É por esse ângulo que vemos, então, a lição que o texto acima nos sugere. Mas, antes de tentarmos interpretá-lo, é preciso ver o que nos informam as reticências. João nos diz que essa grande multidão “tomou ramos de palmeira e saiu ao seu [de Jesus] encontro, clamando: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor e o rei de Israel!”

A grande mole humana, por seu caráter volúvel, que pode se manipulado ao sabor dos acontecimentos, é capaz de num momento exaltar alguém e no instante seguinte manifestar atitude completamente oposta, como ficou patente no episódio da Paixão descrito no Evangelho. Mas a multidão é o conjunto das pessoas e na individualidade nosso comportamento, fundamentado no amadurecimento psicológico próprio de nosso padrão evolutivo ainda inferior, é o que conduz os movimentos coletivos. Em mensagem aproveitada por Allan Kardec n’O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), o Espírito Lázaro, instruindo-nos acerca do amor que “resume inteiramente a doutrina de Jesus”, afirma (*) que “no seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos; e o ponto delicado do sentimento é o amor (...)”

Percebe-se, portanto, que as massas se manifestam de acordo com o primarismo de suas inclinações. Nelas, as emoções são o que comanda as ações e não a razão nascida da ponderação. Nos atuais espetáculos de futebol, nos quais as torcidas nos estádios são capazes, não poucas vezes, de verdadeiros atos de barbarismo, fica fácil notar o quanto temos ainda a caminhar até nossa purificação, a fim de demonstrarmos aquele “ponto delicado do sentimento” que é o amor. “Não o amor no sentido vulgar do termo, mas este sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas”, salienta o Espírito Lázaro, acrescentando que “a lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres e aniquila as misérias sociais”.

Para esse momento grandioso da Humanidade é que caminhamos, a fim de realizarmos na Terra a civilização moral a que Kardec alude nas páginas do ESE, desde que adotemos, com a urgência possível, a moral cristã e pautemos nossas ações pela aplicação do maior mandamento que o Cristo nos legou: amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos, pondo em prática a regra de ouro: o que se quer para si próprio deve-se fazer primeiramente ao outro.

(*) Item 8 das Instruções dos Espíritos – A Lei de Amor.


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