Francisco Muniz //
Vem do Apocalipse, mais uma vez, a lição que nesta data, dia
11 de dezembro, vamos abordar, comentando o versículo 11 do capítulo 12 desse
livro escrito por João, o Evangelista, hoje homenageando minha neta Laurinha,
que completa seus 12 aninhos. Carregado de simbolismo, o Apocalipse, ou o Livro
das Revelações, trata das visões que João, já bastante idoso, teve da Realidade
espiritual e o capítulo citado traz como epígrafe a “Visão da Mulher e do
Dragão”. Vejamos o versículo, tirado, como habitualmente, da Bíblia de
Jerusalém:
“Eles, porém, o venceram pelo sangue do Cordeiro e pela
palavra do seu testemunho, pois desprezaram a própria vida até à morte.”
O que João descreve, a partir do versículo 7, é a lenda dos
anjos decaídos: houve uma batalha no céu, na qual o Arcanjo Miguel e seus Anjos
guerrearam contra o Dragão (a maldade, contrária a tudo que seja divino, ou sagrado),
sendo este derrotado, junto com seus asseclas; sem lugar no céu, o Dragão – “a antiga
serpente, o chamado Diabo ou Satanás” – e seu séquito foram expulsos para a
terra. O evangelista informa, então, no versículo 10, ter ouvido “uma voz forte
no céu, proclamando: “Agora realizou-se a salvação, poder e a realeza do nosso
Deus, e a autoridade do seu Cristo: porque foi expulso o acusador dos nossos
irmãos, aquele que os acusava dia e noite diante do nosso Deus”.”
Assim chegamos ao nosso assunto principal, a afirmação de que
aqueles que pelejam pelo Cristo – o Cordeiro – vencerão desde que internalizem,
pela compreensão e pelo sentimento, a lição e o sacrifício de Jesus, num
testemunho vivo de que até mesmo a doação da própria vida supera o temor da
morte física, porque ela representa a Vida em sua plena manifestação. É a
vitória da Realidade sobre a ilusão do ego, temeroso de perder seu domínio sobre
a alma que se deixa conduzir unicamente pelo intelecto, por isso teme a
liberdade, preferindo viver prisioneira da limitada experiência material,
quando o céu da bem-aventurança a convida insistentemente para o banquete
espiritual.
Quando esteve na Terra, na personalidade de Jesus, o Cristo,
em nome da Consciência Cósmica, não apenas ensinou quanto aos meios de nos
libertarmos da prisão que nós mesmos construímos em torno de nossos passos,
como também e principalmente exemplificou cada uma de sus lições. Seu legado
ainda está para ser descoberto, assimilado e enfim vivenciado por seus discípulos
contemporâneos, uma vez que poucos de nós têm ido com ênfase e entusiasmo às
experiências que resultarão da vitória do Espírito, o Eu verdadeiro – o Self,
na linguagem transpessoal da Benfeitora Joanna de Ângelis – sobre o ego, serviçal do
Dragão, responsável por nossa demora na posição inferior da escala evolutiva.
Segundo a sabedoria oriental, o ego é um péssimo patrão, mas
um ótimo empregado, significando que devemos, uma vez de posse do conhecimento da
verdade sobre nós mesmos, fazer esforços para domarmos esse agente rebelde que
não podemos simplesmente expulsar de nós mesmos. A metáfora do Apocalipse deve
ser compreendida pela transformação da condição do ego por nosso esforço mental
ligado agora às forças celestiais (elevadas) presentes em nossa constituição
espiritual. É nisso que consiste nosso trabalho de autoaperfeiçoamento e nosso
aprendizado na Terra, preciosa escola onde escolhemos nos realizar através da
dor que nos disciplina até conseguirmos eleger como ferramenta de burilamento o
amor que o Cristo nos veio ensinar.
É, pois, uma questão de tempo até tomarmos juízo...
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