Francisco Muniz
Considerado como “meu verdadeiro filho na fé”, Timóteo mereceu de Paulo de Tarso duas epístolas (cartas) com recomendações de grande interesse para os cristãos iniciados na doutrina de Jesus, tanto àquela época como hoje. Nesta data, 6 de novembro, portanto, vamos nos ocupar do versículo 11 do sexto capítulo da primeira dessas epístolas, que vem, na Bíblia de Jerusalém, sob a epígrafe “Solene admoestação a Timóteo”:
“Tu, porém, ó homem de Deus, foge destas coisas. Segue a
justiça, a piedade, a fé, o amor, a perseverança, a mansidão.”
Também eu já ouvi e continuo ouvindo, por necessitar, admoestações
assim. Quem, desde menino, nunca precisou que uma voz amiga – geralmente a dos
pais – lhe desse ao menos um conselho quanto ao rumo a seguir? É o que o
Apóstolo dos Gentios, amorosamente, faz a seu filho do coração, a quem tomou a
seus cuidados desde a adolescência, sendo-lhe a consciência até que Timóteo (1)
aprendesse a caminhar por si mesmo, desenvolvendo-se como plantinha tenra até
desabrochar como discípulo fiel do Cristo.
Para bem trilharmos o caminho reto que leva à porta estreita
da libertação espiritual, precisamos fugir das tentações do mundo, que são as
distrações e os convites ao prazer descompromissado. Paulo sugere a Timóteo – e
na atualidade Timóteo somos todos nós! – seguir a rota das virtudes,
desenvolvendo os valores imperecíveis que nos dormitam no íntimo do ser.
Conselho semelhante é dado, muito tempo antes, pelo Mestre Jesus,
recomendando-nos entrar “pela porta estreita, porque a porta da perdição é
larga, e o caminho que a ela conduz é espaçoso, e há muitos que por ela entram.
Como a porta da vida é pequena! Como o caminho que a ela conduz é estreito! E como
há poucos que a encontram” (Marcos 7:13 e 14).
Allan Kardec comenta esse assunto em O Evangelho Segundo
o Espiritismo (2) ponderando que o atual estado da Humanidade se deve ao
fato de os homens, na maioria, preferirem trilhar o caminho do mal, “porque as
más paixões são numerosas”, daí resultando que bem poucos busquem, com efeito,
a porta da salvação. E a razão para esta ser “esquecida” é que “o homem que
quer transpô-la deve fazer grandes esforços sobre si mesmo para vencer as suas
más tendências, e poucos a isso se resignam”, diz o Codificador, acrescentando:
“É o complemento da máxima: Há muitos chamados e poucos escolhidos”.
É pertinente afirmarmos que as tentações fazem parte das
provas que o Espírito escolhe realizar ao longo da reencarnação, com a
finalidade de vencê-las e não ser vencido por elas, como fica claro nos versos
da oração que Jesus nos ensinou: “Não nos deixeis cair em tentação”, isto é,
pedimos a Deus a força necessária para superarmos esse obstáculo que em verdade
é estímulo à caminhada. Para tanto, devemos a todas elas contrapor
determinantemente os sentimentos de justiça, fé, amor, perseverança, piedade e
mansidão, certos de que nosso dever é repetir no mundo as perfeições que já conseguimos
enxergar no Pai supremo, que, dizem-nos os Espíritos, é soberanamente justo e
bom, além de ser também e principalmente misericordioso.
Notas
(1) Em Atos dos Apóstolos, Lucas informa (16:1) ser Timóteo,
natural da cidade de Listra, “um discípulo, filho de uma mulher judia, que
abraçara a fé, e de pai grego (...). Querendo Paulo que ele partisse consigo,
realizou a sua circuncisão (...).”
(2) Cap. XVIII, item 3.
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