Francisco Muniz //
O versículo 30 do capítulo 11 do Evangelho de João
centraliza nossas atenções neste dia 30 de novembro, quando voltamos a nos
debruçar sobre a “Ressurreição de Lázaro”, sua epígrafe na Bíblia de Jerusalém.
Eis o texto, que comentaremos de acordo com as orientações da Doutrina
Espírita:
“Jesus não entrara ainda no povoado, mas estava no lugar
em que Marta o fora encontrar.”
O contexto da informação de João já o sabemos: o Mestre,
avisado da doença e, depois, da morte de seu amigo Lázaro, parte de Cafarnaum
para Betânia, a fim de consolar as irmãs Marta e Maria. Marta, a mais velha das
duas, e cujo nome significa, em hebraico, “senhora” ou “dona de casa”, já havia
ido ao encontro de Jesus, tão logo fora avisada de sua chegada, e voltara para pôr
sua irmã a par dos acontecimentos. Quando Maria deixa sua casa, também seguindo
ao encontro do Rabi, ajoelha-se a seus pés, no local indicado, fora da
cidadezinha, bem perto de Jerusalém, e o exproba: “Senhor, se estivesses aqui
meu irmão não teria morrido!” (João 11:32)
Agora, tomemos a lição para nós mesmos. As palavras de João
indicam a presença de Jesus sempre ao nosso alcance, especialmente nas situações
infaustas de nossa vida, quando a angústia, a tristeza ou o desespero nos
visitem, bastando tomarmos a iniciativa de ir ao encontro dele. A “cidadezinha”,
ou “povoado”, pode ser comparada às nossas ocupações momentâneas, as quais temos
que deixar, ou esquecer, no momento em que decidimos recorrer ao Amigo de todas
as horas, justamente em razão delas mesmas, uma vez que ele nos ajudará na
resolução dos problemas afligentes que nos perturbam a existência.
A razão, auxiliada pela fé, nos mostra sempre onde encontrar
o Filho de Deus, que virá consolar nossas dores oferecendo seu contributo
indispensável à pacificação de nosso coração sofrido. A lição apresentada pelo
evangelista fala da morte de um ente querido, situação essa das mais tormentosas
na vida de uma família, para a qual o Cristo traz a mensagem tão consoladora
quão esclarecedora de que o ser amado não morreu, é um Espírito imortal que
ressuscita para a vida espiritual, a realidade verdadeira – tal como hoje o
Espiritismo nos indica, oferecendo um cabedal de informações irrecusáveis nesse
sentido (*).
A notícia da imortalidade, razão síntese da mensagem do
Evangelho de Jesus, é o que de fato dá sentido à nossa existência no mundo,
onde mergulhamos seguidamente, pela reencarnação, com a finalidade de despertarmos
para nossa condição essencial, libertando-nos assim das amarras da matéria.
Como Espíritos imortais, devemos estar convictos de que, como bem disse o Nazareno,
não somos daqui nem pertencemos ao mundo material, de modo que é pela paulatina
desmaterialização, ou seja, pelos esforços de vivermos nossa espiritualidade,
que ressuscitaremos para a realidade espiritual a cada “morte” física.
Porque a verdade é que, até conhecermos e vivenciarmos as
lições evangélicas, agora interpretadas magistralmente pela Doutrina Espírita,
simplesmente morríamos, chegando ao plano espiritual completamente perturbados pela
ignorância do que nos havia acontecido. Não havia, pois, ressurreição alguma. Agora,
desde que nos afeiçoamos à mensagem libertadora do Cristo, a morte já não é nem
tem mais o aguilhão que nos fere a sensibilidade da alma e não precisamos mais
imprecar contra Deus perguntando-lhe, sentidamente, por que retirou de nosso
convívio aquele ser que tanto amamos. E, quando chegar a nossa vez de partir, não
mais daremos vexame “do outro lado”, porque o Cristo e o Espiritismo nos
esclareceram!
(*) Ver O Livro dos Espíritos, segunda parte,
questões 76 e seguintes.
Comentários
Postar um comentário
Abra sua alma!