Esta data no Evangelho (29 de novembro)

Francisco Muniz // 




Hoje, dia 29 de novembro, nossos comentários versarão sobre o versículo 29 do capítulo 11 da Epístola de Paulo aos Romanos e serão dedicados à querida amiga Lourdes França, minha mãe do coração, que aniversaria nesta data. Nosso tema é colocado, na Bíblia de Jerusalém, sob a epígrafe “A conversão de Israel” e trata das considerações do Apóstolo dos Gentios acerca do “povo escolhido” e descaso para com Jesus, seu Messias. Vamos ao texto:

“Porque os dons e a vocação de Deus são sem arrependimento.”

É no Espiritismo, doutrina que revive a pureza do Cristianismo primitivo, que melhor compreendemos o que são os dons e a vocação de Deus relativamente ao comportamento dos homens, necessitados de se religarem, com a urgência possível, à dimensão divina, ou espiritual, comum a todos nós. Para esse retorno à casa paterna, o Pai amantíssimo nos cumula de recursos e oportunidades, os quais têm sido sobremaneira desprezados e assim adiamos o divino encontro, que representa a fruição daquela felicidade que sabemos não ser deste mundo, isto é, não está na realidade momentânea da vida material.

Tais dons e vocação, portanto, são o que nos permite entrar em contato com o Invisível, com os emissários que Deus coloca ao nosso redor para nos auxiliarem na tarefa de ascensão espiritual: os Espíritos. Desde tempos imemoriais estão eles ao nosso lado, protegendo-nos, servindo-nos com sua ação misericordiosa e sobretudo instruindo-nos quanto ao bom procedimento, sem que logrem obter nossa cooperação, vez que nossa ignorância, marca de nossa inferioridade moral, conduz ainda nossos passos vacilantes. Preferimos mais crescer horizontalmente, conquistando os valores perecíveis do mundo, a desenvolver-nos espiritualmente, pelos caminhos da virtude. Santo Agostinho explicava esse nosso comportamento dizendo que somos capazes de grandes passos, mas fora do caminho (“magni passus sed extra viam”).

Deve ficar claro, então, que Paulo se refere à mediunidade, neologismo criado por Allan Kardec para conceituar os “carismas” da definição paulina, os dons através dos quais se estabelece o intercâmbio entre os homens e os Espíritos. Há, em consequência, que se enxergar uma tarefa sobre os ombros de quem ostenta uma ou mais faculdade mediúnica, pois que são várias, e desse modo compreende-se a vocação “profética”, isto é, o ato de permitir-se, o detentor de tais faculdades, ser o intérprete do ensinamento dos Espíritos. De acordo com as orientações dos Espíritos, os médiuns, grosso modo, pediram (há quem diga imploraram!) tal encargo, daí o Apóstolo dos Gentios afirmar que não há margem para arrependimento.

Esses dons e vocação nos são dados, por acréscimo de misericórdia, para que apressemos os passos no caminho de nosso reajustamento às leis divinas, que infringimos em muitas oportunidades transatas e agora é necessário corrigir, com semelhantes recursos, todo um passado de erros. A mediunidade é, pois, com sua extensa gama de possibilidades, uma preciosa ferramenta para as práticas caritativas, atendendo a encarnados e desencarnados nas respectivas necessidades de quitação de débitos perante as sábias leis. E mesmo que, por exceção à regra, existam aqueles que reclamem, argumentando que a mediunidade é um fardo muito pesado, em razão das provas que todos temos de suportar, o fato é que, sem ela, nossas dores só aumentam, se não agora, com certeza depois. Desse modo, é mais inteligente obedecermos à imposição da Lei e resignarmo-nos à vontade de Deus.

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