Francisco Muniz //
Sob a epígrafe “Barnabé e Saulo enviados a Jerusalém”, o
versículo 27 do capítulo 11 do livro Atos dos Apóstolos é a pauta dos
comentários que faremos hoje, dia 27 de novembro, no âmbito de nossos estudos
acerca de temas do Novo Testamento, enfatizando a grande importância que os
ensinos do Cristo têm para todos nós, especialmente para aqueles que nos
dizemos cristãos. O texto lido na Bíblia de Jerusalém é quase lacônico, mas
seu contexto facilitará nossa análise:
“Naqueles dias, alguns profetas desceram de Jerusalém a
Antioquia.”
Apesar de ficar ao Sul da Palestina, Jerusalém foi
construída sobre uma elevação, de modo que quem desejasse sair da Cidade da Paz
– seu significado em hebraico – tinha mesmo que descer. Desceram, portanto,
alguns profetas a Antioquia (*), na Síria, onde pela primeira vez, conforme
destaca o texto do evangelista Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, os
seguidores de Jesus foram chamados de “cristãos”. A cidade de relevância
bíblica tem, pois, sua importância histórica.
Mas que havia em Antioquia para que ali fossem os profetas
(médiuns) de Jerusalém? A explicação está no tópico anterior, dando conta da “fundação
da igreja de Antioquia”, porque os seguidores do Caminho para lá se dirigiram,
tanto como para a Fenícia e Chipre, após os eventos que culminaram na morte de Estêvão.
A eles se juntaram alguns cireneus e cipriotas e assim a Palavra começou a ser
disseminada indiscriminadamente, não só aos judeus: “A mão do Senhor estava com
eles e um grande número, abraçando a fé, converteu-se ao Senhor” (Atos 11:21).
Entusiasmada, a igreja de Jerusalém envia Barnabé para
inspecionar a situação e este, cheio de boas expectativas, segue para Tarso, à
procura de Saulo, o ex-doutor da Lei, e juntos vão para Antioquia, onde ficam
durante um ano inteiro ensinando à multidão as lições de Jesus. Assim, quando
os profetas chegam, um deles, chamado Ágabo, anunciou, mediunicamente, a
proximidade de um grande período de fome sobre a terra, o que aconteceu no
reinado de Cláudio César (**), razão pela qual os discípulos decidiram “enviar
contribuições em ajuda aos irmãos que moravam na Judeia”, de acordo com as respectivas
posses.
Segundo Allan Kardec, profeta é tanto aquele que ensina
quanto o que faz revelações acerca do futuro e esta segunda definição se aplica
aos médiuns ostensivos, através dos quais os Espíritos podem nos dar avisos
importantes acerca de alguns acontecimentos futuros. A finalidade disso,
observando-se o fato sempre do ponto de vista da seriedade, é precavermo-nos
quanto às consequências e ajudar-nos mutuamente para conseguirmos superar,
resignadamente, as dores que possam advir, a exemplo do que acontece na
atualidade, em razão da pandemia do Coronavírus, microrganismo de alta
letalidade causador da Covid-19.
Tais avisos temos recebido desde os tempos apostólicos, mas
sem condições de compreendê-los todos até meados do século XIX, quando a
bondade divina proporcionou a Terceira Revelação, o Espiritismo, o Consolador
Prometido que nos veio fazer recordar tudo o que Jesus havia ensinado e complementar
esse ensino em muitos pontos. Agora vemos claramente a chegada dos “novos tempos”
anunciados para o cumprimento das palavras proféticas do Evangelho (do Novo
Testamento inteiro!), devendo estar cada vez mais atentos para as responsabilidades
que nos pesam sobre os ombros, porque o Cristo conta com cada um de nós na obra
de regeneração que ora se realiza.
Notas
(*) Havia, na Antiguidade, diversas cidades com esse nome,
fundadas por Seleuco Nicátor em homenagem a seu pai, Antíoco. Além dessa citada
no texto, uma outra, Antioquia da Pisídia, localizada na atual Turquia, também
foi visitada por Paulo de Tarso.
(**) Tibério Cláudio César Augusto Germânico (em latim Tiberius Claudius
Caesar Augustus Germanicus; Lugduno, 1 de agosto de
10 a.C. — Roma, 13 de outubro de 54 d.C.) foi o quarto imperador romano da dinastia júlio-claudiana,
e governou de 24 de janeiro de 41 d.C. até a sua morte em 54.
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