Esta data no Evangelho (16 de novembro)

Francisco Muniz


O capítulo 16 do Evangelho de João traz o discurso profético de Jesus, do qual “a vinda do Paráclito”, que anuncia a revelação, em tempo oportuno (o que se deu 18 séculos depois), do Espiritismo, o Consolador prometido, é a primeira epígrafe e corresponde ao versículo 11, que comentaremos neste dia 16 de novembro. O texto vem mais uma vez “quebrado”, isto é, sem a primeira parte, porque a Bíblia de Jerusalém põe em versos todo o discurso do Messias, desde o capítulo 14, valorizando-o como o autêntico poema que de fato é. Ei-lo:

“(...) do julgamento, porque o Príncipe deste mundo está julgado.”

Dentro das reticências está parte da fala do Cristo Jesus em que ele profetiza a ação do Paráclito entre a humanidade (o Consolador prometido, ou o Espiritismo): “E quando ele vier, estabelecerá a culpabilidade do mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento” (João 16:8). Isto quer dizer que o Espiritismo nos faz saber o porquê e o para quê de nossos padecimentos, ao nos esclarecer quanto às vidas sucessivas, observando, pela via das reencarnações, nosso passado de erros, nosso presente de oportunidade para as devidas correções a fim de termos condições satisfatórias para a construção de um futuro mais feliz, mais condizente com nossa essência divina.

No versículo seguinte, o nono, o Mestre explica, pela pena de seu intérprete, a razão das ações futuras do Paráclito: “Do pecado, porque não creem em mim; da justiça, porque vou para o Pai e não mais me vereis; do julgamento, porque o Príncipe deste mundo está julgado.” Trata-se de um julgamento divino e, já àquela época, proclamado e executado por Jesus durante seu messianato. O “Príncipe” do mundo é referência ao poder que submete o mundo material a seu completo domínio e nele devemos reconhecer o ouro, o dinheiro que sustenta os desmandos dos homens que se acreditam os poderosos senhores dos destinos de quem lhes caia nas malhas de dominação. Em tudo põem preço e a tudo querem comprar, à custa da dignidade dos outros.

O Cristo, porém, observou: “As raposas têm suas tocas e as aves do céu têm seus ninhos, mas o Filho do Homem não tem onde repousar a cabeça” (Lucas 9:58), salientando que nossa felicidade em nada depende dos bens materiais, do que temos no bolso ou na bolsa, de nossa conta bancária. E mais ele disse: “Dai de graça o que de graça recebestes” (Mateus 10:8), aqui deixando muito claro que às coisas celestiais não se pode colocar preço amoedado – e hoje, orientados pela Doutrina Espírita, compreendemos que o Nazareno nos falava tanto do exercício da mediunidade quanto do esclarecimento da verdade relativa à realidade do Espírito imortal, que não deve ser negado nem vendido a quem quer que seja.

O “Príncipe” do mundo, portanto, ao sustentar-se nos valores perecíveis e manter-se à custa da exploração dos homens incautos, é o próprio Mal fomentando o mal em suas muitas formas de expressão: a violência, o crime, a guerra – tudo o que contrarie a política de Deus, mantendo os homens na ignorância do que são e de como devem proceder para reivindicar sua herança divina. Cabe, portanto, ao Espiritismo, doutrina que liberta e consola pelo esclarecimento que promove, realizar coletiva e individualmente o julgamento desse “príncipe” da intimidade de toda criatura cansada da submissão da própria consciência aos impositivos do mal, crescendo outra vez para Deus.


Comentários