Esta data no Evangelho (1 de dezembro)

Francisco Muniz // 




Sob a epígrafe “Anúncio do nascimento de João Batista”, que abre a primeira parte do Evangelho de Lucas, o versículo 12, correspondente a este mês, no primeiro capítulo desse livro, traz o seguinte texto, para nosso comentário neste dia 1 de dezembro:

“Ao vê-lo, Zacarias perturbou-se e o temor apoderou-se dele.”

Nos livros da Série André Luiz, publicados pela Federação Espírita Brasileira (FEB), percebemos, pelas orientações desse Espírito ditadas à psicografia do médium Francisco (Chico) Cândido Xavier, algumas peculiaridades acerca da vida no mundo espiritual, confirmando o que Allan Kardec já nos havia informado em O Livro dos Espíritos. Por exemplo, notamos que os Espíritos Superiores podem fazer-se invisíveis àqueles que, devido à pouca evolução (pouca sabedoria e quase nenhuma moralidade), embora a recíproca não seja verdadeira. Ocorre o mesmo na relação com os encarnados e quando uma Entidade elevada se deixa ver, ativando a vidência mediúnica, normalmente a pessoa queda-se perturbada ante a formosa visão, tanto pelo assombro provocado quanto pela emoção ante a grandiosidade da presença espiritual, digna de toda reverência.

Assim compreendemos a reação de Zacarias ao presenciar o fenômeno da aparição do Anjo que lhe anunciaria a paternidade em breve. Homem idoso, tanto quanto sua esposa, Isabel, o sacerdote já não tinha esperança em perpetuar seu nome e sua linhagem porque aparentemente Deus não o havia abençoado com o nascimento de um filho. Lucas informa que Isabel era descendente de Abraão, o que significa que nela deveria ser cumprida a promessa divina feita ao velho Patriarca, fundador dos três grandes ramos da religião monoteísta – o judaísmo, o cristianismo e o islamismo. Por aquela promessa, a descendência de Abraão cobriria todo o planeta... A Zacarias, portanto, o Anjo – possivelmente Gabriel, o que anteriormente fizera a anunciação da vinda de Jesus à Virgem de Nazaré – vinha transmitir a notícia da gravidez de Isabel.

Esse episódio é revelador do quanto a mediunidade está presente entre os homens, de modo que os fatos bíblicos são a confirmação do constante intercâmbio com os Espíritos, de acordo com as palavras do profeta Joel (2:28): “Acontecerá depois que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os vossos anciãos terão sonhos (...)” A palavra, um neologismo criado por Allan Kardec a partir da expressão latina “medium”, que significa meio, conceituando, portanto, o médium como o intérprete dos Espíritos na comunicação destes com os demais seres encarnados. Segundo Kardec, sendo a Doutrina Espírita uma novidade no mundo, exigia novas palavras e conceitos que a diferençassem do que já era conhecido no campo do velho Espiritualismo.

Ainda de acordo com o Codificador, todos os homens são médiuns, isto é, todos nós temos a possibilidade de entrar em contato com o mundo espiritual e sofrer a influência benéfica ou malévola dos Espíritos. Assim, a presença dos bons Espíritos junto a nós produzirá sempre uma sensação de bem-estar, ao passo que a proximidade de uma Entidade inferior nos causará impressões desagradáveis, em razão dos fluidos espirituais emitidos, os quais são por nós assimilados ou repelidos. Vê-se, pois, na mediunidade e suas ocorrências um importante fato científico cuja pesquisa é dever de todo aquele que se interesse em compreender os mecanismos possibilitadores de uma série de fenômenos que não cessam de ocorrer na Terra desde os primórdios da Humanidade, para que não tenhamos mais que temer os Espíritos, como aconteceu com Zacarias.


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