Francisco Muniz
Hoje, dia 9 de outubro, nosso estudo abordará o versículo 9 do décimo capítulo dos Atos dos Apóstolos, no qual o evangelista Lucas, autor dessa reportagem acerca das atividades realizadas pelos principais discípulos de Jesus após a ascensão do Mestre, relata a ida de Pedro à casa de m centurião romano. A Bíblia de Jerusalém, repositório das passagens evangélicas que utilizamos aqui, narra assim:
“No dia seguinte, enquanto caminhavam e estando já perto
da cidade, Pedro subiu ao terraço da casa, por volta da sexta hora, para orar.”
Somente a título de informação, o centurião citado por Lucas
é Cornélio, aquele mesmo que teve um servo curado à distância por Jesus. O que
nos interessa comentar é a atitude do apóstolo, que se retira para fazer suas
orações buscando o local mais elevado da casa onde se encontravam. O
evangelista inclusive detalha o momento do dia em que Pedro decide empreender
sua conversa silenciosa e solitária com o Cristo, sempre presente em seus
pensamentos: a sexta hora, ou seja, por volta do meio dia.
Quando criança, eu ouvia minha mãe dizer-nos, a mim e a meus
irmãos, que não podíamos ficar fora de casa, perdidos em nossas brincadeiras
infantis, à hora do almoço, porque às 12 horas em ponto as “almas do purgatório”
desfilavam pelas ruas. Não sei o quanto há, ou havia, de verdade nessa
expressão de Mainha, mas o fato é que, mesmo temeroso, eu ansiava ver, assistir
a esse tal desfile das almas. Superstições e misticismo à parte, o que Mainha
queria de fato nos dizer, hoje assim entendo, era que precisamos aquietar em
casa e buscarmos o contato com o Divino.
A questão da hora é apenas simbólica: no relógio, os ponteiros
ficam ambos apontados para cima a cada 12 horas, num indicativo de que devemos
pôr corpo e alma voltados para Deus ao menos duas vezes por dia. E a razão para
isso é a necessidade de estarmos em contato com a dimensão espiritual o mais
estreitamente possível, a fim de obtermos forças, coragem, paciência e
resignação ante os embates da vida material. A oração, assim, é o meio que nos
permite receber a colaboração dos amigos espirituais que em nome da Providência
divina vêm atender nossos pedidos, desde que o mereçamos, renovando nossas
esperanças em dias cada vez melhores.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo (ESE), Allan
Kardec atesta a eficácia da prece, explicando as razões quanto às recomendações
do Rabi nazareno quanto a pedirmos para obtermos, ou a buscarmos para encontrar,
ou a batermos à porta do Céu para que ela se nos abra em ofertas de oportunidades renovadoras. E não é só do ponto de
vista da mística que as orações encontram sua validade, pois há até mesmo
estudos científicos, como os realizados na Duke University (*), nos Estados
Unidos, confirmando objetivamente a ação da prece sobre a saúde de pacientes
internados.
Não foi à toa, portanto, que o Mestre nos ensinou a orar e
legou-nos a mais perfeita fórmula nesse sentido, que é a oração do Pai Nosso, a
única que o Codificador considerou aceitável para os espiritistas, ainda que
ele próprio tenha nos deixado, nas páginas do ESE, vários modelos de preces
para serem usadas em ocasiões e finalidades ali especificadas. Pela prece, que
é um dos instrumentos da Lei de Adoração, diz Kardec, pode-se louvar, pedir e
agradecer à Divindade, de forma que dela devemos fazer uso constantemente, nos
moldes preconizados pelo Cristo Jesus: “Mas tu, quando orares, entra no teu
quarto e, fechando a porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que
vê em secreto, te recompensará” (Mateus 6:6).
(*) Ver: https://super.abril.com.br/ciencia/rezar-resolve/
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