Francisco Muniz
O capítulo 10 do Evangelho de Mateus começa tratando da “missão dos doze”, isto é, das tarefas cuja realização Jesus incumbiu seus discípulos mais destacados, os apóstolos, fazendo recomendações que ainda hoje são valiosas. Desse capítulo retiramos o versículo 8 para os comentários deste dia 8 de outubro, com base nas orientações do Espiritismo. O texto, como tem sido habitual, vem da Bíblia de Jerusalém:
“Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os
leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça dai.”
Os trabalhadores da mediunidade, no âmbito das casas
espíritas, sabem muito bem a que se referem essas recomendações do Cristo.
Trata-se do sagrado dever de se utilizar o potencial medianímico conforme a
necessidade decorrente da especificidade de cada faculdade psíquica. Assim, os
médiuns detentores da faculdade de cura podem curar os doentes, oferecendo-se
aos bons Espíritos como instrumentos dóceis e os emissários do divino Amigo
manipularão os fluidos carregados do magnetismo animal indispensável para o
atendimento tanto aos pacientes encarnados quanto aos desencarnados.
No ambiente das salas mediúnicas, durante o trabalho de
socorro espiritual no intercâmbio mediúnico, principalmente os médiuns
esclarecedores, ou doutrinadores, com seu verbo conduzido pelos mentores,
ajudarão a despertar os espíritos ainda ignorantes de sua condição, realizando
em conjunto a ressurreição dos “mortos”. Então, aqueles que se acreditavam ainda
vivos segundo a carne, como clandestinos no mundo espiritual, reconhecem a condição
em que se encontram e passam ao trabalho de readaptação à Realidade da vida verdadeira.
De modo análogo, podemos também limpar, ou purificar os
leprosos, observando o simbolismo da expressão utilizada pelo Cristo. Se na
Palestina de dois mil anos atrás ele efetivamente curava os corpos marcados
pela lepra, hoje chamada de hanseníase (mal de Hansen), na atualidade a lepra
são os muitos vícios que mancham as almas, as quais podemos ajudar a limpar
tanto através dos tratamentos espirituais quanto por meio da palavra elevada,
conclamando tais enfermos à mudança de atitude perante a vida, seguindo o
caminho das virtudes.
Na contemporaneidade, graças às orientações vindas do Alto que
subsidiam a obra de Allan Kardec, especialmente em O Livro dos Médiuns, já
vemos a desnecessidade de “expulsar demônios”. Esclarecidos quanto à natureza
desses espíritos momentaneamente voltados para o mal, o que fazemos é levar a
eles a luz da verdade, deixando-os livres para optarem entre permanecerem nas
trevas em que se encontram ou migrarem para as hostes de Jesus, de onde muitos
procedem. Não temos o poder de convencê-los e isto decorre do livre-arbítrio de
cada um; mas não é raro observar que muitos se arrependem, perdoam suas vítimas
e pedem a compaixão dos Céus para seus erros.
As dádivas da mediunidade, propiciando o intercâmbio com o
mundo espiritual em favor das criaturas necessitadas dos dois planos da existência,
é e deve ser entre nós, pelo exposto, uma prática totalmente gratuita. O ato de se diminuir
a ignorância ou levar alívio às almas aflitas é de valor incalculável, de modo
que não se lhe pode colocar preço amoedado, contrariando as recomendações do
Cristo. Por desprezarem esse precioso conselho, comercializando os dons divinos,
muitos se desviaram do caminho e caíram nas armadilhas que sua própria incúria lhes
preparou. A boa compreensão dos postulados espíritas, no entanto, nos livrará
de tais malefícios.
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Abra sua alma!