Esta data no Evangelho (7 de outubro)

Francisco Muniz



Quis a bondade divina que hoje, dia 7 de outubro, abríssemos a Bíblia de Jerusalém novamente nas páginas concernentes à Epístola de Paulo aos Hebreus, na qual o capítulo 7 oferece-nos o texto do versículo 10 para nossa interpretação, de acordo com as luzes derramadas pela Doutrina Espírita sobre nossa mente inculta. Vejamo-lo:

“Pois ele ainda estava nos rins do seu antepassado quando se deu o encontro com Melquisedec.”

A expressão “encontro com Melquisedec” está grifada no original. Já tratamos, aqui, dessa enigmática personagem do Velho Testamento que o Apóstolo dos Gentios recorda para falar da superioridade de Jesus e que mereceu atenção especial de Carlos Torres Pastorino (*). Nosso estudo também já discorreu sobre Melquisedec umas duas ou três vezes e, ao que parece, torna-se imprescindível voltarmos a esse assunto, agora para abordar essa questão sob o ponto de vista da reencarnação.

É curiosa a imagem que o antigo doutor da lei utiliza para referir-se a Levi, o ancestral hebreu cuja tribo Moisés destacou como responsável pelo sacerdócio e recebimento do dízimo que as outras tribos deviam pagar. Para compreendermos o simbolismo, recordemos que o apóstolo Mateus – versão grega do nome Levi – era cobrador de impostos. Ora, ele, Levi, “ainda estava nos rins do seu antepassado”, querendo Paulo dizer que Levi “dormia” no “corpo” de Abraão quando o grande Patriarca encontrou-se com o poderoso rei Melquisedec e lhe pagou o dízimo.

Estudioso e esclarecido, Paulo conhecia tanto de biologia quanto da ciência espiritual e sabia que os Espíritos chegam à experiência terrena através da fecundação, quando os espermatozóides, utilizando o canal uretral masculino, disparam para o encontro com o óvulo no aparelho reprodutor feminino, propiciando a gestação de um novo ser. E, como se sabe, a uretra também tem a função de expelir a urina, que por sua vez é produzida a partir dos rins, levando-nos a considerar a afirmativa de Allan Kardec, segundo quem “os mundos são solidários entre si” – e não se pode negar que o corpo humano seja um universo em miniatura!

“Ora, é fora de dúvida que o inferior é abençoado pelo superior”, destaca Paulo, com essas palavras (Hebreus 10:7) afirmando, implicitamente, que os inferiores devem reverência aos superiores, de modo que assim deveriam ter procedido os judeus em relação a Jesus. E ele vai mais além (Hebreus 10:11): “Portanto, se a perfeição tivesse sido atingida pelo sacerdócio levítico – pois é nele que se apoia a Lei dada ao povo – que necessidade haveria de outro sacerdócio, segundo a ordem de Melquisedec, e não “segundo a ordem de Aarão”?

É assim que o apóstolo justifica o sacerdócio de Jesus, em tudo superior ao antigo, pois Jesus não descendia da estirpe levítica, mas da Casa de Davi, sendo, por isso mesmo, de acordo com as antigas Escrituras, herdeiro legítimo do trono de Israel. Mas não creram nele, no Messias que lhes havia dito não ser deste mundo seu Reino, não lhe interessando as ninharias das quais os poderosos da Terra fazem grande questão, mas as almas desejosas da luz de que ele era portador.

Assim, nós, que no passado distante fomos os hebreus sonhando com Canaã, a terra da promissão, e, posteriormente, os judeus orgulhosos de seu culto ao Deus único, hoje, convertidos à Verdade do Cristianismo, tenhamos a necessária coragem de renunciar às quinquilharias mundanas e assumir, de uma vez por todas, que Jesus, o Cristo de Deus, é, de fato e de direito, nosso Guia e Modelo para sempre!

(*) Ver Sabedoria do Evangelho, ed. Sabedoria, RJ.





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