Francisco Muniz
O Evangelho de João é considerado o mais místico dos relatos
do Novo Testamento sobre Jesus, assim como o Apocalipse, também de autoria de
João, razão por que ele não figura entre os sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas.
É de lá, do versículo 25 do capítulo 10 de João, que nos vem o tema de nossos
comentários neste dia 25 de outubro. Eis, pois, o texto colhido na Bíblia de
Jerusalém:
“Jesus lhes respondeu: ‘Já vo-lo disse, mas não
acreditais. As obras que faço em nome de meu Pai dão testemunho de mim’.”
Na esfera espírita, no que concerne às comunicações
espirituais, costumamos ouvir e dizer que a mensagem é muito mais importante do
que o mensageiro. A questão da identidade do missivista, em decorrência, fica
minimizada, principalmente em vista das orientações de Allan Kardec em O
Livro dos Médiuns. Desse modo, é fácil compreendermos por que Jesus remetia
ao Pai, nosso Deus Criador, a autoria de suas obras, uma vez que, na Terra,
somos todos instrumentos da Divindade na realização das atividades que contribuam
para o progresso geral, tanto no aspecto material quanto, principalmente, nas
questões morais, tal o entendimento acerca da realidade do Espírito imortal.
Mas os fariseus, saduceus e escribas de antigamente,
integrantes de partidos religiosos legalistas, isto é, dos grupos que no Judaísmo
faziam questão de observar unicamente a letra do espírito, quando sempre foi
necessário se buscar o espírito da letra. Eram eles os fundamentalistas da
época em que o Cristo desceu sobre a superfície do planeta, ainda mergulhado
nas trevas da ignorância, para trazer um pouco de luz à mente estagnada dos
homens fortemente apegados à feição material da existência. Era, pois, de
acordo com a linguagem popular da atualidade, necessário desenhar
constantemente para que pudessem compreender a Realidade – e Jesus desenhava
com os fenômenos que em nome de Deus produzia diante de olhos incrédulos.
Kardec, a bem dizer, também encontrou entre seus
contemporâneos diversos comportamentos próprios do farisaísmo, da ortodoxia do
pensamento que ainda em nossos dias engessa a mente numa estreita faixa de
compreensão em torno das informações trazidas ao mundo pelo Espiritismo. Tais
informes vêm da parte de Deus, que fez cumprir entre nós, desde meados do
século XIX, a promessa feita pelo Cristo 18 séculos antes quanto à vinda do
Consolador (*). No opúsculo O que é o Espiritismo, o Codificador expõe a
dificuldade de certos críticos da Doutrina Espírita em entender e aceitar a
simplicidade de seus postulados, colocando-se reativamente conforme o costume
antigo: “Vejo, mas não acredito, porque sei que é impossível!”
Vale observar que tal postura contrária ao progresso é
própria daqueles que ainda se encontram na infância espiritual, não tendo ainda
amadurecido neles próprios o senso psicológico que os faça galgar o próximo degrau
do conhecimento das coisas naturais. Esse comportamento é compreensível e
competirá ao tempo fazer o milagre do despertamento, contando com o esforço que
cada um saiba fazer para mais depressa se alistar nas hostes de Jesus. A esse
respeito, recordamos a inquietude de Moisés ante a dureza do coração dos
hebreus de então, queixando-se a Javé: “Mas, Senhor, eles não aprendem!” O mentor
espiritual de Moisés, adorado como o Deus daquele povo, porém, ouvia a queixa e
respondia que aqueles homens ainda duros de entendimento tinham a eternidade
toda para realizarem o aprendizado... Não é assim conosco também?
(*) João 14:18-23.
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