Francisco Muniz
Hoje, dia 2 de outubro, nosso programa de estudos sobre algumas passagens do Novo Testamento aponta para o versículo 10 do capítulo 2 da Epístola de Paulo aos Efésios, que comentaremos com base nos ensinamentos da Doutrina Espírita. O texto, retirado da Bíblia de Jerusalém, informa o que segue:
“Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para
as boas obras que Deus já antes tinha preparado para que nelas andássemos.”
Efetivamente, Paulo, o Apóstolo dos Gentios, está se
referindo ao Pai Criador e aproveita para ressaltar nossa posição perante o
Cristo – fomos criados nele, o que quer dizer que Deus nos confiou a seu filho primogênito,
nosso irmão mais velho, para que ele nos conduzisse no caminho da evolução espiritual.
Para tanto devemos aprender a realizar as boas obras desde há muito planejadas pela
Sabedoria Divina.
Mas em que consistiria esse planejamento? Em O Livro dos
Espíritos, Allan Kardec, com sua verve investigadora, desenvolve uma série
de questionamentos relacionados à criação dos espíritos e ao povoamento da
Terra (questões 47 e seguintes), culminando nas “Considerações e concordâncias
bíblicas referentes à Criação”. Nesse ensaio, o Codificador do Espiritismo
apela para o conhecimento científico afirmando que “a Ciência, longe de
desmerecer a obra divina, no-la mostra sob um aspecto mais grandioso e mais
conforme às noções que temos do poder e da majestade de Deus, pela razão mesma
de ela se ter realizado sem derrogar as leis da Natureza”.
Assim, bastaria conhecermos as leis naturais, tanto as que
regem a matéria quanto as que regulam as relações entre as almas, e poderíamos ter
alguma noção de como Deus elabora sua criação. No entanto, não é uma pesquisa
muito fácil, porque ainda falta(m) ao homem o(s) sentido(s) que o faça(m)
compreender o todo, de modo que muitos conhecimentos lhe são interditados e sejam
considerados “mistérios de Deus”. Por essa razão, os Espíritos Superiores integrantes
da falange do Espírito de Verdade (Jesus) só informaram a Allan Kardec o que o
mestre lionês precisava entender naquele momento para compor sua obra
magistral.
Ainda que algumas dessas informações nos pareçam vagas –
como a resposta à questão 38: “Como Deus criou o Universo? R – Por sua Vontade.”
– é no primeiro capítulo da segunda parte da obra inaugural do Espiritismo que
teremos uma ideia quanto à origem e natureza dos Espíritos (q. 76 e seguintes),
mesmo que esse mistério persista, como na questão 81: “Os Espíritos se formam
espontaneamente ou procedem uns dos outros?”. A essa pergunta foi dada uma
resposta similar àquela que trata da criação do Universo: “Deus os cria, como a
todas as outras criaturas, pela sua vontade. Mas, repito ainda uma vez, a
origem deles é mistério.”
Mas o que nos interessa, nestas pobres linhas, é
considerarmos nossa esperada participação na obra da Criação, para a qual
devemos colaborar com nosso esforço consciente com vistas ao aperfeiçoamento em
dois níveis distintos: cuidando do planeta que temporariamente habitamos e do
corpo físico que nos foi emprestado para as tarefas de autoaprimoramento. Não são
nossos, portanto, constituindo muito mais uma oportunidade que uma propriedade
da qual só temos o usufruto. E este nosso corpo é, como já vimos anteriormente,
uma célula do corpo cósmico do Cristo, sendo nosso dever cuidarmos muito bem
dele – assim como do planeta – para que não causemos prejuízo ao conjunto,
porque seremos responsabilizados tanto pelo mau uso dos recursos colocados à
nossa disposição quanto pela recusa em utilizá-los, deixando de cumprir nossa
parte nesse grande e belo planejamento.
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