Francisco Muniz
A ação providencial de nossos guias espirituais, que em nome
de Deus exercem sobre nós sua ação protetora, é de há muito conhecida e daí
resulta a imagem do anjo da guarda. Esse parece ser o sentido do versículo 10
do capítulo 18 do livro Atos dos Apóstolos que, tentaremos interpretar neste
dia 18 de outubro, em prosseguimento de nosso estudo acerca de temas do Novo
Testamento. Eis, portanto, o texto do citado versículo, que na Bíblia de
Jerusalém vem sob a epígrafe “Fundação da igreja de Corinto” – como se pode
depreender, o apóstolo Paulo é o protagonista dessa passagem:
“Eu estou contigo, e ninguém porá a mão sobre ti para
fazer-te mal, pois tenho um povo numeroso nesta cidade.”
Já contamos aqui essa história, algures. Por ordem do
imperador Cláudio, os judeus foram expulsos de Roma e em Corinto, cidade grega,
Paulo encontrara Áquila, recém-chegado da Itália com Prisca (a Bíblia de
Jerusalém grafa Priscila), sua esposa, os quais dão ao Apóstolo dos Gentios a
oportunidade de pregar mais amplamente a Palavra, “atestando aos judeus que
Jesus é o Cristo”. Após muitos entreveros na sinagoga, Paulo decide trabalhar
entre os gentios e muitos deles se convertem à nova fé da qual era o arauto. É
então que ele tem uma visão do Cristo, que lhe faz a recomendação que o
versículo destaca. Assim, Paulo permanece um ano e meio em Corinto “ensinando a
palavra de Deus”.
Na Epístola aos Hebreus (12:1), Paulo diz que estamos rodeados
por uma “nuvem de testemunhas”, ou seja: uma vez que nunca estamos a sós,
porquanto os Espíritos se acotovelam conosco, no dizer de André Luiz, o
repórter do Além, eles nos observam continuamente. Dessa maneira, eles tanto
podem se homiziar conosco, se estamos ainda voltados ao mal, como auxiliar em nossos
projetos benemerentes; podem, alguns, perseguir-nos e, outros, proteger-nos, o
que fazem por simpatia ou determinação de mais alto. Desse modo, se estamos a
serviço do Cristo, seus emissários sempre estarão a postos garantindo a segurança
de que necessitamos para o bom cumprimento de nossas tarefas. Assim, o que
temer?
O “povo numeroso” de que fala Lucas, o autor dos Atos,
portanto, são tanto os simpatizantes encarnados das ideias cristãs difundidas
por Paulo quanto os desencarnados integrantes das numerosas hostes de Jesus.
Devemos confiar nessa proteção que se efetiva até o limite de nossas provas,
porquanto os bons Espíritos não interferem nos testes que escolhemos ou aos quais
teremos de nos submeter compulsoriamente durante a encarnação. A literatura
espírita é rica em tais exemplos e o próprio Paulo cortou um dobrado para
realizar sua missão, desde o início e até o final, quando foi encarcerado pelo
prefeito de Roma e por fim levado à morte por decapitação. Mas durante todo o
tempo ele se manteve firme, confiante em que o que morria era o corpo cansado, libertando
a alma para novos voos.
A assistência espiritual é constante em muitos casos e se dá
até mesmo junto a quem ainda não a merece, presumivelmente, conforme registra André
Luiz em Ação e Reação (*), atestando que, conforme dizemos, cada caso é
um caso. Em nossa esfera, essa assistência, que muitos chamam de “livramento”,
acontece imperceptivelmente, posto que no plano invisível, mas seus resultados
são bastante objetivos. Irmã Bernadete, médium fundadora do C. E. Deus, Luz e
Verdade, por exemplo, contou certa vez ter sido vítima de uma tentativa de
assalto frustrada quando o jovem assaltante viu a figura imponente de Irmão
Guerreiro, seu guia protetor – e ele fugiu apavorado deixando o ar esta
pergunta: “Quem é esse índio?”
(*) Psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
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