Francisco Muniz
Neste dia 16 de outubro nosso estudo convida-nos à interpretação do versículo 16 do capítulo 10 do Evangelho de Mateus, no qual Jesus detalha a “missão dos Doze” e faz a seus discípulos importantes recomendações. Eis o texto grafado na Bíblia de Jerusalém, que comentaremos segundo os princípios da Doutrina Espírita:
“Eis que vos envio como ovelhas entre lobos. Por isso,
sede prudentes como as serpentes e sem malícia como as pombas.”
De acordo com a Ciência, a presença humana na Terra é um
contrassenso, porquanto as condições físicas do planeta não deveriam comportar
a vida como a conhecemos. Coube ao escritor João Guimarães Rosa resumir esse conceito
científico nesta frase: “Viver é perigoso.” Mas cá estamos e, com efeito, nossa
vida neste mundo é feita de constantes sobressaltos que precisamos vencer para
não sucumbirmos e por isso vale sempre ouvir o conselho musicalmente ponderado
de Caetano Veloso: “É preciso estar atento e forte / não temos tempo de temer a
morte”...
Por sua vez, o escritor e expositor espírita Wellington Balbo
afirma que “o Espírito, reencarnado na Terra, necessita dos
"problemas" para desenvolver sua inteligência e capacidade de
adaptação às novidades. Cada nova questão que surge e exige resolução é
exercício ao Espírito para o seu desenvolvimento. Eis por que nem sempre um dia
tranquilo, no horizonte da alma, foi um dia proveitoso. Os maiores saltos de
avanço da alma, não raro, são dados por meio das dificuldades”.
Quem leu Nosso Lar, o primeiro livro que o Espírito
André Luiz ditou a Chico Xavier, deve se lembrar que na reunião para um culto
do Evangelho em casa de Lísias, na despedida de D. Laura, que iria reencarnar,
o pai dele, já reencarnado, comunica-se virtualmente (vejam o paralelo com a
atualidade!) e pede aos que ficam no plano espiritual que rezem para que ele
resista às facilidades da vida material. Aí está a razão pela qual, para o
Espírito em prova, viver é perigoso, uma vez que as distrações – as tentações
do caminho! – são tantas que, por invigilância, podemos pôr a perder a
oportunidade inigualável que Deus nos concede para nosso reajustamento à Lei.
No mundo teremos aflições, como bem disse Jesus (João 16:23),
mas não precisamos temer perigo algum, embora devamos manifestar prudência e
mansuetude, porque os lobos – ou seja, os inimigos do bem e da verdade que tudo
quanto querem é manter o poder secular – estão por toda parte. Mas vimos ao
mundo, por deferência do Amigo divino, para trabalhar em sua seara, servindo a
todos e semeando atos e palavras de fraternidade, superando os obstáculos à união,
à concórdia e à amizade, porquanto é nosso dever, como cristãos agora orientados
pelo Espiritismo, corrigirmos a rota que nos levará ao objetivo da Evolução.
Sim, teremos aflições, perturbações e muitos contratempos no
mundo, mas não precisamos andar preocupados, porque contamos com a proteção do
Alto e Jesus nos assegura a possibilidade de vitória ao afirmar: “Eu venci o
mundo!” Sim, há perigo em cada esquina, nossos pés estão à mercê das armadilhas
de lobos, no entanto, somente os lobos caem nas próprias armadilhas, conforme
esclareceu o Mestre, incentivando-nos a prosseguir da caminhada redentora.
Para essa vitória, só necessitamos de duas armas: prudência
e pureza de intenção. Prudência para não ultrapassarmos os limites do bom
senso, da lógica e da coerência próprios da informação espírita; e pureza, que
é falta de malícia, para não conspurcarmos a nobreza da mensagem da qual somos
portadores e que devemos propagar a partir de nosso próprio comportamento.
Comentários
Postar um comentário
Abra sua alma!