Francisco Muniz
Eis que a aleatoriedade nos leva, mais uma vez, ao capítulo 10 da Epístola de Paulo aos Romanos, agora para abordarmos o versículo 15, correspondendo a este dia 15 de outubro, quando se comemora o Dia do Professor. O texto da Bíblia de Jerusalém narra o que segue, para nossos comentários à luz da Doutrina Espírita:
“E como podem pregar se não forem enviados? Conforme está
escrito: Quão maravilhosos os pés dos que anunciam boas notícias.”
As boas notícias referidas pelo Apóstolo dos Gentios são o
Evangelho de Jesus e o versículo citado permite-nos tecer algumas considerações
acerca da atividade dos expositores do Espiritismo, que saem por aí afora –
mesmo virtualmente, em decorrência das limitações impostas pela pandemia do
novo Coronavírus – pregando as verdades e as alegrias do Reino dos Céus. Paulo,
citando Isaías 52:7, fala da maravilha que são os pés desses pregadores porque
eles devem, em nome do bom desempenho de sua tarefa, superar os obstáculos do
caminho, uma vez que há alguém esperando por essas notícias tão alvissareiras
quanto consoladoras.
O apóstolo podia também exaltar o verbo desses pregadores,
no entanto, por mais bonitas sejam as palavras que profiram, elas só serão
verdadeiramente úteis se corresponderem à finalidade para a qual devem ser
ditas, segundo o ensinamento do Cristo. A esse respeito, recordemos as
orientações de Jesus quando determinou que seus discípulos saíssem pelo mundo
pregando a Boa Nova do Reino, pedindo que eles não se preocupassem com o que
dizer, porque nesse momento as “línguas de fogo” lhes desceria sobre a cabeça.
Ou seja, os bons Espíritos, secundando a vontade do Mestre e aproveitando os
recursos intelectivos do medianeiro em ação, garante a inspiração necessária à
boa execução da tarefa.
Por tal razão, Allan Kardec diz, em O Evangelho Segundo o
Espiritismo, que “os melhores médiuns não são aqueles que dão as
comunicações mais bonitas, mas os que ouvem unicamente a orientação dos bons
Espíritos”. Certo, os pregadores também são médiuns e estão, quase sempre, sob
a assistência de seu mentor espiritual, ou de um Espírito que lhes seja afim,
por isso é importante saber se eles têm as credenciais do verdadeiro pregador,
isto é, se foram enviados pelo Cristo para tal serviço, conforme pondera Paulo de
Tarso. Porque, é bom convir com o Evangelho, há falsos Cristos e, em
decorrência, falsos profetas – e estes, os profetas, conforme a definição de Kardec, são os
que ensinam.
Os expositores espíritas, devidamente orientados pelas
recomendações de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores, seja nas obras da
Codificação, seja nas subsidiárias, devem se precaver das possíveis
interferências negativas em suas pregações mantendo-se fiéis a Jesus. Isso quer
dizer que não se pode abdicar do estudo constante e dos recursos que garantem
maior proximidade com os bons Espíritos, quais a prece, a meditação e a
realização do culto do Evangelho no Lar, especialmente no dia em que estiver em
trabalho de divulgação da Doutrina, atentos principalmente quanto aos perigos
do personalismo.
Isto porque não são raros os casos em que tais pregadores fracassam em sua tarefa acreditando que a assistência dos Espíritos é infalível e que estes farão o trabalho que lhes compete. A história de nosso caro Divaldo Franco merece ser sempre lembrada, nesse sentido. Na estreia de sua trajetória como tribuno do Espiritismo, ele conta não ter se preparado convenientemente e esperou que um dos Espíritos que ele via habitualmente lhe viesse socorrer, na sede da Federação Espírita do Estado de Sergipe. Mas nenhum deles apareceu e o jovem Divaldo começou a suar frio pela ansiedade até que Humberto de Campos, Espírito, deu-lhe a assistência requerida, avisando que seria a primeira e última vez, que Divaldo estudasse para corresponder à importância da tarefa. O mesmo deve ser conosco, os pretensos palestrantes.
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