Francisco Muniz
Uma historinha emblemática do poder da fé diz que um
alpinista, havendo alcançado razoável altura na escalada de uma alta montanha
quando já anoitecia, viu, horrorizado, que o último grampo que segurava a corda
em que se apoiava desprendeu-se da rocha e seu corpo começou a cair. Agora já
era noite fechada e enquanto ele caía percebia os grampos abaixo serem
arrancados pelo peso de seu corpo até que, abruptamente, a queda cessou, pois o
grampo seguinte aguentara o peso. Nisso, ele lembrou-se de Deus e o invocou: “Senhor,
se você realmente existe, salve-me!” O alpinista não precisou aguardar muito
para ouvir uma poderosa voz em sua consciência: “Meu filho, se você realmente
acredita que eu posso salvá-lo, corte a corda!” No dia seguinte, logo que o dia
amanheceu, uma equipe de socorro resgatou o corpo desse alpinista, morto e congelado
pelo frio da noite, a um metro do chão...
Recordo dessa história porque hoje, neste dia 13 de outubro,
nosso estudo nos leva ao capítulo 10 da Epístola de Paulo aos Romanos, onde, na
Bíblia de Jerusalém, o versículo 13 traz a seguinte redação paulina, sob
a epígrafe “Anunciado por Moisés”:
“Porque todo aquele que invocar o nome do Senhor será
salvo.”
Nós nos acostumamos a apelar para a Divindade, para os
poderes do Alto, geralmente nos momentos de premente necessidade: ao fazermos
uma prova considerada difícil, principalmente se não dominamos a matéria; ao enfrentarmos
uma enfermidade de largo espectro cujo diagnóstico não seja dos mais
alvissareiros; nos instantes em que defrontamos uma situação de perigo; na
iminência da morte. Que seja assim, pois o importante é não nos esquecermos de
que Deus está, através de sua ação providencial e misericordiosa, sempre atento
e à disposição para nos socorrer.
No entanto, torna-se imperioso buscarmos também a proteção de
Deus e não apenas seu socorro, o que vale dizer andarmos sempre em sua
companhia. Em seu livro O Caminho da Felicidade (*), o filósofo Huberto Rohden
nos faz, dentre outras receitas de bem-aventurança, esta sensata recomendação: “Convida
a Deus para ser teu sócio”. Ou seja: em todos os nossos empreendimentos devemos
estar amparados pelo amor, pela proteção e pela assistência divinos, a fim de
ou termos sucesso ou não nos sentirmos decepcionados caso o fracasso advir,
certos de que o resultado foi o merecido ou necessário, porquanto a vontade de
Deus é que deve preponderar.
O que conta, ao fim e ao cabo, é sabermos “cortar a corda”
da dependência material no momento mesmo em que formos convocados a isso, uma
vez que nosso Criador, o Pai amoroso que Jesus nos apresentou, é que sabe qual o
melhor para cada um de seus filhos muito amados. É como reza o Salmo 37: “Entrega teu caminho
ao Senhor, confia nele, e ele agirá; manifestará tua justiça como a luz e teu
direito como o meio-dia. Descansa no Senhor e nele espera, não te irrites
contra quem triunfa, contra o homem que se serve de intrigas”. Em outras
palavras, tenhamos fé, porque se nossos planos não deram certo é que ainda não
era a hora, em vista das provas que temos a enfrentar na Terra, Espíritos
devedores que somos.
Como o alpinista da historinha contada mais acima, estamos
também escalando a montanha da evolução espiritual e nessa jornada estamos
sujeitos a muitos imprevistos que podem malograr o planejamento mais detalhado.
Desse modo, entregarmo-nos confiantemente nas mãos de Deus nos preservará de
surpresas desagradáveis, tornando-nos serenos ante os momentos de provação, nos
quais a dor, por vezes agora, poderá nos visitar. Sejamos, portanto, otimistas
e positivos, confiantes em que toda situação adversa é passageira e serve para
temperar nossas forças.
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