Francisco Muniz
Está no versículo 10 do capítulo 10 do Evangelho de Marcos, que aborda uma “discussão sobre o divórcio”, o assunto de que trataremos hoje, 10 de outubro, no âmbito de nosso estudo acerca de passagens do Novo Testamento, sob as luzes da Doutrina Espírita. Aproveitamos para homenagear o grande servidor de Jesus entre nós que foi o Espírito que tomou o nome de Leovigildo Muricy Santana, que retornou ontem ao Plano Espiritual, levando uma extensa folha de bons serviços prestados à causa espírita. Na Bíblia de Jerusalém, portanto, o versículo em questão traz esta narrativa:
“E, em casa, os discípulos voltaram a interrogá-lo sobre
esse ponto.”
Antes de mais
nada, peço licença para registrar aqui a opinião, seguramente abalizada do
Espírito Emmanuel (*), respondendo a uma questão que lhe propuseram, enquanto
ouço Angie, canção na qual o “crooner” dos Rolling Stones lamenta tudo
que ele e sua amada não puderam viver juntos:
“188 – Como devem proceder os cônjuges para bem cumprir seus deveres?
“R – O
matrimônio muito frequentemente, na Terra, constitui uma prova difícil, mas
redentora.
“Os cônjuges, desvelados por bem cumprir suas obrigações divinas, devem observar o máximo de atenção, respeito e carinho mútuo, concentrando-se ambos no lar, sempre que haja um perigo ameaçando-lhe a felicidade doméstica, porque na prece e na vigilância espiritual encontrarão sempre as melhores defesas.
“No lar, muitas vezes, quando um dos cônjuges se transvia, a tarefa é de luta e lágrimas penosas; porém, no sacrifício toda alma se santifica e se ilumina, transformando-se em modelo no sagrado instituto da família.
“Para
alcançar a paciência e o heroísmo domésticos, faz-se mister a mais entranhada
fé em Deus, tomando-se como espelho divino a exemplificação de Jesus, no seu
apostolado de abnegação e de dor, à face da Terra.”
Voltando ao texto do evangelista Marcos, compreendemos que os assuntos conjugais devem ser comentados, discutidos e resolvidos em casa, na presença do Cristo, que, por ser nosso guia e modelo, pode, sendo o caminho da Verdade e da Vida, ser o fiel da balança também nas questões em que se deve superar desentendimentos para a necessária harmonização entre os casais. Tal procedimento, naturalmente, deve ser buscado desde que os envolvidos pautem sua conduta nos estreitos limites de uma vivência religiosa sincera e equilibrada.
A vida a dois
não é, mesmo, muito fácil porquanto se trata de espíritos em provação na Terra
que muitas vezes, no passado em comum, afrontaram um ao outro e agora precisam
buscar a reconciliação perante as leis divinas, que infringiram. O exercício do
perdão, nesse momento, vem a ser o instrumento através do qual se logrará o
sucesso na relação, beneficiada, de início, pelo véu do esquecimento, porquanto
a Providência estabelece que as uniões se façam e se perpetuem pelo amor, o
amálgama da atração entre as criaturas de Deus.
Devemos buscar
o amparo celestial, assim, para que não suceda conosco, em nossas tentativas de
reaproximação com os seres difíceis que “escolhemos” (mesmo compulsoriamente)
para partilhar nossas experiências evolutivas, o que Jesus recomenda (Mateus
5:25): “Entra em acordo sem demora com o teu adversário, enquanto estás em
caminho com ele, para que não suceda que te entregue ao juiz, e o juiz te
entregue ao seu ministro e sejas posto em prisão”. Porque, se o ideal comum é bem
vivermos, importa saibamos buscar constante e incansavelmente a conciliação, na
vida de relação, especialmente no âmbito familiar, consoante as orientações
evangélicas. Somente assim, acreditamos, teremos sucesso onde tantas vezes falhamos.
(*) Do livro O Consolador, psicografia do médium Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.
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