Contradições do religiosismo

Francisco Muniz


1. Deixar de perdoar o outro acreditando que só Deus pode fazê-lo.
- Jesus ensina que a atitude do perdão que se deve ao outro é condição sine qua non para receber o perdão divino, de modo que precisamos fazer nossa parte primeiro. Deixar de perdoar é submeter-se a penas severas voluntariamente, quando o erro poderia ser comutado com uma simples atitude de compreensão e respeito.

2. Envaidecer-se proclamando boas ações.
- A verdadeira caridade é anônima e desinteressada. Quando Jesus socorria alguém, frequentemente pedia que o beneficiado não alardeasse o benefício, apenas fosse agradecer a Deus no Templo.

3. Acreditar-se "salvo" por seguir uma religião.
- A ideia de salvação baseada em premissas particulares provoca, não raro, muitas decepções. O que realmente salva o homem, a alma, o espírito dos dilemas do erro, dos vícios, da inferioridade moral é a prática desinteressada da caridade. O Cristo avisou que quem o buscar somente motivado por um arremedo de fé não será atendido, porquanto o critério dessa atenção é justamente a ação abnegada em favor dos irmãos de caminhada.

4. Crer que sua religião é a única verdadeira.
- As religiões no mundo são rótulos que muitas vezes carecem de essência. Um dia o Cristo disse que, se um cego segue outro cego, os dois cairão no abismo. Logo, conforme diz o ditado, não é o hábito que faz o monge, é preciso compreender que cada um faz o que já conseguiu entender, embora o aprendizado seja incessante. Nesse aspecto, uma maneira de ver as coisas pode colaborar com outra ainda incipiente e assim haverá crescimento coletivo. A intolerância religiosa é mera miopia espiritual.

5. Pensar que com a morte tudo se resume a um céu beatífico ou a um inferno de condenação eterna.
- A consciência de cada ser humano é seu céu ou seu inferno conforme ele se afeiçoe ao bem ou ao mal, isto é, às ações promotoras do bem estar coletivo ou à simples indiferença. Jesus afirmou que onde estiver nosso tesouro (nossos interesses) aí estaria nosso coração (o estado de consciência), deixando ao homem a decisão de caminhar os próprios caminhos, embora consciente das leis que regem essa caminhada. Assim, o céu ou o inferno de cada um o acompanhará em toda parte desde aqui e mais evidentemente após o fim da jornada terrestre, quando o ser passa a se ver tal qual é.

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