Francisco Muniz
Hoje, 9 de setembro, nosso estudo nos leva ao versículo 9 do capítulo de mesmo número da segunda Epístola de Paulo aos Coríntios, que trata dos “benefícios que resultarão da coleta”, proposição que ocupa oito versos desse capítulo, fechando a segunda parte dessa carta que o Apóstolo dos Gentios enviou aos fiéis da igreja de Corinto. Leiamos o citado versículo que a Bíblia de Jerusalém nos apresenta:
“(...) conforme está escrito: Distribuiu, deu aos pobres.
A sua justiça permanece para sempre.”
Aqui Paulo nos fala de caridade para com os necessitados e
começa afirmando que “cada um dê como dispôs em seu coração, sem pena nem
constrangimento, pois Deus ama a quem dá com alegria”. Efetivamente é assim,
porquanto é da vontade divina que nos ajudemos mutuamente, em nome do amor que
permeia toda a Criação. E “sabei que quem semeia com parcimônia, com parcimônia
também colherá. E quem semeia com largueza, com largueza também colherá” –
avisa o apóstolo, baseado na lei da proporcionalidade, ou da reciprocidade que
Francisco de Assis recordaria mais tarde em sua famosa prece: “É dando que se
recebe”.
Certa vez, recusei dar uma cédula de R$2,00 a um pedinte,
acostumado a despender apenas moedinhas, quando dessa vez não havia nenhuma nos
bolsos. Mais adiante, encontrei na rua uma nota de R$5,00 e percebi que a esmola
não me pesaria na economia pessoal, caso tivesse sido feita. É preciso,
portanto, aproveitar as ocasiões de se fazer caridade quando elas apareçam, sem
regatear nem impor condições, “pois Deus ama a quem dá com alegria” – e alegria,
aqui, quer dizer sobretudo desprendimento, e uma alma desprendida das ilusões
da matéria haverá de ser sempre uma alma feliz.
E Paulo diz mais em sua Carta, estimulando-nos à abnegação e
à generosidade: “Deus pode cumular-vos de toda espécie de graças, para que
tenhais sempre e em tudo o necessário e vos fique algo de excedente para toda
obra boa”. Porque nossos bens não são exclusivamente nossos, para nosso
usufruto: devem servir também a alguns dos muitos pobres que transitam em nosso
redor. A “obra boa” a que o apóstolo se refere é a caridade desinteressada que
tanto beneficiará os necessitados de toda ordem como promoverá o progresso
social através da assistência aos desvalidos.
O Cristo disse, certa vez, que os pobres sempre os teremos
(João 12:8), justamente para nos sensibilizar à prática da beneficência, daí
Allan Kardec afirmar que “fora da caridade não há salvação”, como reza o lema
da Doutrina Espírita. A caridade é, junto com o amor e a justiça, uma poderosa
expressão da Lei divina, de modo que praticá-la é demonstração de se estar
ajustado a essa lei e tal condição perdurará para sempre. E o maior exemplo disso
é o próprio Jesus, que se deu inteiramente ao cumprimento da Justiça de Deus
atendendo a quantos indigentes do corpo e da alma o procurassem.
Na atualidade, especialmente nestes dias difíceis em que a
pandemia do novo Coronavírus tem aumentado em muito a pobreza, causando fome, desemprego
e dor no seio de muitas famílias carentes, somos chamados com mais ênfase a
emprestar as mãos, a mente e o coração Àquele que é o Guia e Modelo de toda a
Humanidade, a fim de minorarmos as agruras que nossos irmãos têm experimentado.
E a dor de um, convenhamos, é a dor de todos!
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Abra sua alma!