Esta data no Evangelho (7 de setembro)

Francisco Muniz


Neste dia 7 de setembro voltamos ao Evangelho de Mateus para comentar o versículo 9 do capítulo 7, que versa sobre a “eficácia da oração”, ou seja, da garantia da resposta aos pedidos que endereçamos a Deus. O Criador nos foi apresentado por Jesus como o Pai amantíssimo que não despreza a nenhum de seus filhos e é essa condição que o citado versículo nos mostra, conforme o texto da Bíblia de Jerusalém:


“Quem dentre vós dará uma pedra a seu filho, se este lhe pedir pão?”

O questionamento foi feito pelo Messias há mais de dois mil anos e continua ecoando em nossos ouvidos. Na Terra, onde o mal ainda prepondera (mas por pouco tempo!) e a maldade campeia, mesmo os homens maus sabem beneficiar aqueles a quem amam. Como pais, fazemos e queremos o melhor para nossos filhos e foi por saber disso que Jesus revelou-nos a imagem paternal do Todo Poderoso, para desfazer a antiga noção criada pelos hebreus, que viam Deus como o Senhor dos Exércitos, um soberano cruel e vingativo pronto para lançar de sua ira sobre os inimigos do “povo escolhido”.

E ele, o Cristo, seguiu ensinando: “Ora, se vós, que sois maus sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais o vosso Pai que está nos céus dará coisas boas aos que lhe pedem!” Pedir, portanto, é o modo pelo qual podemos alcançar as graças do Altíssimo, que através do instituto da Providência derrama de sua magnanimidade em favor das criaturas misérrimas que se arrastam pela Terra debatendo-se entre a fé e a dúvida. Sem fé, os pedidos não sobem aos “ouvidos” de Deus, e duvidando, isto é, manifestando descrença, não “enxergamos” a resposta do Céu.

A oração é, pois, o “fio telefônico” pelo qual ligamos nosso coração, nossa mente, à dimensão divina e o Pai, sabendo de nossas necessidades, dá-nos no tempo propício o que for correspondente ao nosso merecimento. Mas entre a ligação e o atendimento há que se estabelecer uma relação de confiança, garantida pela fé, para que se efetive a resposta condicionada ao merecimento. Isso quer dizer que devemos fazer o pedido por uma boa colheita e tratar de preparar a sementeira, confiantes em que a chuva cairá na medida certa e os recursos de adubação do solo e defesa da plantação contra as pragas surtirão o efeito esperado.

Não basta, portanto, apenas pedir e ficar esperando o benefício cair do céu. É preciso se movimentar no sentido do atendimento, fazendo-se muito mais merecedor do que necessitado. Porque se trata de uma questão lógica: se Deus preenche nossas necessidades, digamos, automaticamente, nossos pedidos haverão de depender do mérito do pedinte! É como André Luiz explica-nos em seu encontro com o Governador de “Nosso Lar” (*). Queria ele, como muitos outros – lá e cá –, certos privilégios, mas era necessário dispor dos “bônus-hora” que só o trabalho em favor do próximo garantia.

A oração, ou prece, tem, sim, sua eficácia e hoje até mesmo a medicina reconhece esse potencial, desvinculando-o da esfera meramente religiosa, isto é, da Religião, uma vez que é prerrogativa do Espírito que se reconhece vinculado, pela religiosidade, à sua dimensão originária, própria do pensamento divino. Quem, portanto, se habitua a orar com fervor, exercitando-se na conversa silenciosa com o Altíssimo, recitando com alguma constância o “Pai nosso que estás no céu”, aprende que a oração é muito mais eficaz quando feita com as mãos que somente pela boca...

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(*) Nosso Lar, psicografia de Chico Xavier, ed. FEB.

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