Esta data no Evangelho (5 de setembro)

Francisco Muniz



Em Atos dos Apóstolos, no capítulo 9, referente a este mês, o evangelista Lucas trata da “vocação de Saulo” e assim lemos, no versículo 5 (correspondente a este dia 5 de setembro), que comentaremos a seguir, estas linhas:

“Ele perguntou: "Quem és, Senhor?" E a resposta: "Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo".”

O aprendiz razoavelmente versado nas lições evangélicas sabe que esse diálogo se estabeleceu no caminho para Damasco, quando o doutor da lei Saulo de Tarso dirigia-se à capital da Síria para prender os cristãos que lá vivessem. O Cristo lhe aparece como um intenso foco luminoso que assusta seu cavalo e lhe fala na acústica da consciência: “Saul, Saul (sic), por que me persegues?”, instando-o a responder com a famosa pergunta. Seus acompanhantes nada veem nem ouvem. Saulo levanta-se do chão cego e, tomado pela mão, é levado a Damasco, onde fica três dias, sem ver, sem comer ou beber. Somente após seu encontro com Ananias é que tudo se restabelece.
 
Mas essa história é melhor contada no livro “Paulo e Estêvão” (Ed. FEB), que o Espírito Emmanuel ditou a Chico Xavier. Quanto a nós, ocupemo-nos das informações oferecidas pelo versículo citado.

Com efeito, ainda não sabemos, como o incipiente Saulo de Tarso (embora um erudito doutor da lei), identificar o Jesus que tanto perseguimos e lembro-me de minha própria experiência, no início de meu aprendizado do Evangelho pelo Espiritismo. Uma alma querida perguntou-me que achava eu do Cristo e fui sincero ao expor o que eu acreditava ser dubiedade: “Como alguém aparentemente tão poderoso, ao ponto de operar verdadeiros prodígios, deixou-se matar tão facilmente?”
 
Para entender essa questão e desfazer minha falsa impressão, fui apresentado aos livros: o supracitado Paulo e Estêvão e os demais da Coleção Emmanuel – Há 2.000 Anos, 50 Anos Depois e Ave, Cristo – e Boa Nova (Humberto de Campos/Irmão X, também por Chico Xavier), nos quais Jesus é retratado, por assim dizer, “de corpo inteiro”. Também tiveram grande importância nessa iniciação as obras de Allan Kardec, especialmente O Evangelho Segundo o Espiritismo, onde o Mestre Nazareno aparece como o Espírito de Verdade.

Mas só encontra o Cristo, encontrando-se, quem o persegue, quem o busca com sinceridade e perseverança – e ele então se revela iluminando o ser do buscador por completo, ao ponto de ele ficar cego para as fatuidades do mundo externo, pois seus olhos se abriram para a verdade essencial, a realidade do Espírito imortal. Daí para a frente, tudo que importa é a cristificação, ou seja, deixar-se transformar de tal forma que, como disse o antigo doutor da lei convertido em Paulo, o cristão, “já não sou eu que vivo, mas o Cristo é que vive em mim”!

Porque ele, o Messias, veio deflagrar essa revolução no mundo, no homem, a partir da adesão de cada um a seu programa de trabalho com vistas à instalação do Reino de Deus na Terra. “O Reino dos Céus é semelhante a...” – e as analogias servem ainda hoje para justificar a busca e o consequente encontro: o cultivo do campo, a atividade doméstica, a lida com o numerário... em toda área das relações humanas o Cristo pode ser buscado e é ele a própria busca que se revela no encontro e vai além, até a plena realização, a total e completa integração do buscador no objeto de sua busca.

E então entenderemos que sempre fomos um com o Cristo e que ele, do mesmo modo, jamais se afastará de nós, porquanto um dia ele disse: “Eu estou no meio de vós.”

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