Esta data no Evangelho (3 de setembro)

Francisco Muniz



Na Epístola de Paulo aos efésios está o tema de nossos comentários neste dia 3 de setembro, prosseguindo os estudos em torno de algumas passagens do Novo Testamento segundo as luzes da Doutrina Espírita. Para tanto, utilizamos a Bíblia de Jerusalém, na qual lemos o versículo 9 do capítulo 3 da carta do Apóstolo dos Gentios dirigida à igreja da cidade grega de Éfeso:

“(...) e de pôr em luz a dispensação do ministério oculto desde os séculos em Deus, criador de todas as coisas, (...)”

Só essa afirmativa já daria muito assunto para uma conversa, mas como ela está entre reticências, significando um início e uma continuação, recordemo-los, para o devido entendimento.

No livro “Paulo e Estêvão”, que o Espírito Emmanuel ditou a Chico Xavier, é informado que o apóstolo recebera de Ananias, após sua conversão, os manuscritos que se tornariam o Evangelho de Mateus e dedicou-se a estudá-los enquanto tecia tapetes para garantir a própria sobrevivência. Foi a partir dessas meditações que ele entendeu finalmente a resposta da pergunta feita ao Cristo quando da aparição no caminho de Damasco: “Senhor, que queres que eu faça?” – e decide sair pregando as verdades do Reino dos Céus, sendo o maior dos propagadores do Cristianismo.

Pois bem: nesse trecho da Carta, Paulo declara: “Desse evangelho eu me tornei ministro, pelo dom da graça de Deus que me foi concedida pela operação de seu poder. A mim, o menor de todos os santos, me foi dada esta graça de anunciar aos gentios a insondável riqueza de Cristo (...)”. O final, três versículos depois, convido-os a lerem no próprio documento paulino, para não nos estendermos tanto neste comentário.

Há, de fato, um mistério que foi dado a conhecer por intermédio da ação ministerial de Paulo e esse mistério é a própria doutrina divina revelada por Jesus, conforme lemos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, nas palavras do Espírito de Verdade no Cap. VI: “Revelei a Doutrina divina e, como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso na Humanidade e disse: Vinde a mim, todos vós que sofreis!”

Após Paulo, e agora estimulados pelo Espiritismo, que revive em nós e para nosso mais claro entendimento toda a doutrina do Cristo – que é o mesmo Espírito de Verdade! –, é nossa a tarefa de “pôr em luz” os antigos “mistérios”, que só permaneceram ocultos enquanto a chave para sua compreensão ainda não tinha sido apresentada ao mundo, pois até mesmo os escritos de Paulo estiveram fora do alcance do público até que Gutemberg inventasse a imprensa com tipos móveis e publicasse os primeiros exemplares da Bíblia.

Da Renascença para cá, portanto, o mundo – a Humanidade! – tem todas as possibilidades de conhecer a chamada Vontade de Deus, expressa por sua Palavra, principalmente após a Revelação espírita.

A respeito dos “mistérios”, convém dizer que, com os avanços da Ciência, que tornou possível ler os segredos da Natureza, devassando os mundos infinitamente pequenos (os microorganismos) e infinitamente grandes (o espaço sideral), só há, agora, um grande mistério a ser resolvido pelo homem: ele próprio. Por isso pediu-nos o Cristo que conhecêssemos a verdade libertadora e o Espiritismo nos exorta ao autoconhecimento, instrumento através do qual conheceremos o que de fato nos faz sofrer e quais as providências a tomar para superarmos nossas deficiências, cumprindo assim a divina Vontade, expressa nas Leis supremas, que são sábias e perfeitas – imutáveis, portanto!


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