Francisco Muniz
Neste dia 29 de setembro nosso estudo contempla o capítulo 9 e o versículo 29 da Epístola de Paulo aos Romanos, sob a epígrafe “Infidelidade e apelo previstos pelo Antigo Testamento”, que dá ao Apóstolo dos Gentios a oportunidade de tecer críticas a seus compatriotas judeus e justificar sua missão junto a outras ovelhas que não aquelas da Casa de Israel. Vejamos primeiramente o texto do versículo, pescado na Bíblia de Jerusalém:
“E ainda como Isaías havia predito: ‘Se o Senhor dos
Exércitos não nos tivesse preservado um germe, teríamos ficado como Sodoma, teríamos
ficado como Gomorra’.”
Tirada do contexto do capítulo, intitulado “A situação de
Israel”, essa passagem quase não nos diz muita coisa, sendo necessário, a meu
ver, recuperar o pensamento de Paulo relativamente ao que ele considera “infidelidade”
dos judeus, a fim de podermos elaborar um comentário em base mais sólida.
Assim, temos de voltar até o versículo 25 e seguintes, recordando que Paulo
está, desde o início, criticando “os privilégios de Israel” e fazendo a defesa
de Deus, que não é, diz ele, nem infiel nem injusto, de conformidade com as
Escrituras, de modo a justificar suas ações:
“Como também diz em Oséias: ‘Chamarei meu povo aquele que
não é meu povo e amada àquela que não é amada e acontecerá que no lugar onde
lhes foi dito: vós não sois meu povo, lá serão chamados filhos do Deus vivo’.
Isaías, por sua vez, proclama a respeito de Israel: ‘Mesmo que o número dos
filhos de Israel fosse como a areia do mar, o resto é que será salvo; porque,
dando execução e abreviando os tempos, Deus cumprirá sua palavra sobre a terra’.”
Ou seja, os antigos profetizaram a respeito de Roma e da
pouca atenção que os israelitas dariam ao Cristo Jesus, o que se evidencia até
os dias de hoje, daí por que Paulo cita Isaías quanto à preservação de um germe
para que a nação dos filhos de Deus não fosse destruída como as pecaminosas
cidades de Sodoma e Gomorra. E para que melhor compreendamos essa história,
vejamos também os três últimos versículos, que fecham com chave de ouro a
recriminação paulina:
“Que diríamos então? Que os gentios, sem procurar a justiça,
alcançaram a justiça, isto é, a justiça da fé, ao passo que Israel, procurando
uma lei de justiça, não conseguiram esta Lei. E por quê? Porque não a procurou
pela fé, mas como se a conseguisse pelas obras. Esbarraram na pedra de
tropeço, conforme está escrito: ‘Eis que eu ponho em Sião uma pedra de
tropeço, uma rocha de escândalo; mas quem nela crer não será confundido'.”
Pronto, essas últimas palavras de Isaías apontam diretamente
para Jesus, que foi, sim, uma pedra de tropeço para os orgulhosos fariseus que em
sua época conduziam os destinos de Israel e, cegos para a verdade, não
aceitaram que o reles filho de um carpinteiro ousasse lhes ensinar sobre o modo
de interpretar a Lei herdada de Moisés. Repudiando o Messias, não sabiam como
explicar os prodígios que ele realizava, confundidos pela grandeza moral do Nazareno
de tão apagada condição social – pois não aguardavam um príncipe guerreiro que
libertaria o povo do domínio do invasor romano?
No entanto, graças a Paulo, o Cristianismo iria fincar sua
cruz no coração do paganismo e Roma é, desde então, isto é, desde que
Constantino o oficializou como religião de Estado, a sede mundial do maior ramo
da árvore cristã, principal herdeira dos tesouros evangélicos. Mas essa árvore
se espalhou pela Terra inteira e assim todo o planeta constitui o imenso rebanho
de Jesus e vê um novo ramo brotar para proporcionar flores mais belas e frutos
mais doces – e o Espiritismo será, um dia, o futuro das religiões do mundo,
como proclamou o grande filósofo espírita francês que foi – e sempre o será – Léon
Denis!
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