Esta data no Evangelho (28 de setembro)

Francisco Muniz


Eis que voltamos, mais uma vez, ao Evangelho de Mateus, agora consultando o capítulo 28, correspondendo a este dia 28 de setembro, e nele destacamos o versículo 9, vinculado ao mês que devagarinho aproxima-se de seu fim. E como já observado anteriormente neste estudo, a epígrafe desse versículo é “a aparição às santas mulheres”. Bem se vê que o evangelista trata aí da ressurreição de Jesus e vale a pena retomarmos esse tema. Vejamos, então, o texto de Mateus, grafado nas páginas da Bíblia de Jerusalém:

“E eis que Jesus veio ao seu encontro e lhes disse: “Alegrai-vos”. Elas, aproximando-se, abraçaram-lhe os pés, prostrando-se diante dele.”

É lamentável que, mais de vinte séculos após ter Jesus nos ensinado valorizar as mulheres, dando a elas o tratamento que verdadeiramente merecem, vendo em cada uma delas o instrumento de que Deus se utiliza para expressar a grandeza da Vida, ainda sejamos, nós, os homens, capazes de aviltá-las desrespeitando sua dignidade e sujeitando-as a uma condição subalterna. No entanto, Jesus, como revela o texto de Mateus, vem ao encontro delas e pede que se alegrem, porque no dia em que os homens também se dispuserem a ir até ele, tudo se modificará.

Importa considerarmos, aqui, o modelo interpretativo que nos oferece Carlos Torres Pastorino em sua inigualável obra Sabedoria do Evangelho, na qual homem e mulher são símbolos que na dimensão do Espírito imortal terão significado no psiquismo que identifica cada ser. Tal psiquismo é tanto masculino quanto feminino e um só se manifesta predominando sobre o outro na encarnação, através da condição sexual correspondente. Na dimensão espiritual dos seres encarnados, todavia, o psiquismo feminino se expressa pelos canais intuitivos, possibilitando a conexão com as esferas mais elevadas da vida, tanto num gênero quanto no outro.

Ao contrário, o psiquismo masculino dedica-se mais às atividades práticas, voltando as costas para a realidade subjetiva – e assim veremos tanto homens quanto mulheres capazes de realizar tarefas que a priori seriam mais afeitas a um gênero do que ao outro. A esse respeito, é de se notar a maior participação das mulheres nos trabalhos espirituais de uma Casa Espírita, por exemplo, enquanto os elementos masculinos se sobressaem nas atividades administrativas, geralmente.

Seja como for, o importante é irmos ao Cristo e atirarmo-nos a seus pés, conscientes de que não há alternativas no mundo (íntimo) que substituam a importância que o Divino Amigo tem para cada um de nós, que devemos reconhecer o quanto antes que ele é, de fato, como afirmou há dois milênios, “o caminho da Verdade e da Vida”. Para tanto, é preciso despertarmos a consciência para o fato de que o Cristo está presente em cada psiquismo, na mais elevada instância de nossa constituição espiritual, reinando na dimensão chamada “crística”, que é onde Deus se manifesta na mais profunda essência de nosso ser.

Esse reconhecimento e consequente despertamento possibilita nossa perfeita união ao Cristo para enfim estabelecermos a definitiva união com a Divindade, de conformidade com a palavras de Jesus: “Eu e o Pai somos um” e “Eu sou o caminho da verdade e da vida” (Pastorino prefere esta forma por entender que a Verdade e a Vida correspondem ao Criador, ao passo que o Cristo é unicamente seu representante junto a nós), de modo que “ninguém vai ao Pai senão por mim”. Assim, para que essas duas uniões aconteçam, faz-se mister unificarmo-nos em nós mesmos, pelo psiquismo, para tornarmos mais frutuosa a parceria entre os gêneros do ponto de vista da encarnação.


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