Esta data no Evangelho (26 de setembro)

Francisco Muniz



Hoje, 26 de setembro de 2021, é um domingo, festejado religiosamente como o “dia do Senhor” (eis o significado do nome do primeiro dia da semana). Certamente, essa nomenclatura, instituída pela Igreja Católica, corresponde ao dia da ressurreição de Jesus, em cuja memória a história do mundo passou a ser contada, desde seu nascimento. A vida de Jesus, portanto, em seus vários aspectos, serve de subsídio para muitas, senão todas, ocorrências referentes ao papel do homem no planeta. Fazemos essa longa digressão para introduzir o tema de nosso estudo nesta data, enfocando o versículo 26 do nono capítulo da Epístola aos Hebreus, no qual o apóstolo Paulo trata do selo da nova Aliança que Jesus estabelece com a Humanidade “pelo seu sangue”. Eis o texto paulino, colhido na Bíblia de Jerusalém:

“Pois, se assim fosse, deveria ter sofrido muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas foi uma vez por todas, agora, no fim dos tempos, que ele se manifestou para abolir o pecado através do seu próprio sacrifício.”

Paulo fala da entrada do Cristo no ambiente celeste, um santuário não construído por mãos humanas e, por tal razão, sem a necessidade de realizar sacrifícios constantes, como fazem os sacerdotes das religiões terrenas. Com isso o Apóstolo dos Gentios parece afirmar que Jesus somente uma vez esteve sobre a Terra, encarnado, pensamento esse referendado pela Doutrina Espírita. O Cristo, governador deste orbe, é o construtor do planeta, tendo recebido de Deus essa atribuição, de modo que para chegar a esse patamar teve de cumprir todas as etapas evolutivas que lhe diziam respeito, partindo da inferioridade atômica até alcançar a angelitude.

Há, no entanto, várias correntes espiritualistas atestando diversas encarnações de Jesus na Terra, em diferentes ocasiões e lugares, desde épocas recuadíssimas das quais a História não guarda mais vestígios. A criação de nosso planeta remonta de pouco mais de quatro bilhões de anos e nesse período Jesus teria aparecido por aqui pelo menos quatro vezes. Entretanto, a julgar pelo pensamento do autor espiritualista brasileiro Albert Paul Dauhi, exposto na obra A Saga dos Capelinos (*), o Cristo, ao receber as levas de espíritos emigrantes de certo planeta do sistema de Capela, na constelação do Cocheiro (fato corroborado por Emmanuel (**) em A Caminho da Luz), apenas lhes prometera vir consolar em razão desse degredo.

Então concordamos com Paulo: a vinda de Jesus ao mundo “foi uma vez por todas”, com a finalidade de propiciar, “no fim dos tempos”, a abolição do pecado. Isso quer dizer que estamos bem próximos da compreensão quanto à necessidade de nos divorciarmos de nossa conduta equivocada e, observando os exemplos de Jesus, bem como suas lições, procuremos adotar uma postura mais compatível com a realidade do Espírito imortal. Está próximo o dia, portanto, em que vivenciaremos o Evangelho com mais responsabilidade, fazendo em nós mesmos, no terreno fértil de nossas almas sequiosas de felicidade, a vontade do Pai que está nos Céus.

Será, então, como Allan Kardec expressou no tópico de O Evangelho Segundo o Espiritismo referente ao “Homem de bem”, afirmando ser este “aquele que pratica a lei de amor, justiça e caridade em sua maior pureza”. Isto significa cumprirmos as recomendações do Cristo quanto ao sacrifício ou renúncia de nós mesmos, pois não é possível sermos amorosos, justos e caridosos defendendo interesses próprios, ambicionando prêmios e melhores colocações, ou nos julgando merecedores de todas as deferências, aqui no mundo ou no Céu. É preciso, assim, sacrificarmos o ego construído pelas ilusões do mundo e despertarmos o Eu identificado com a Realidade Cósmica do Cristo.

Notas

(*) Ed. Heresis.
(**) Psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB.

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