Francisco Muniz
A “Parábola das dez virgens” se oferece tanto como epígrafe do capítulo 25 do Evangelho de Mateus quanto como tema do comentário que faremos hoje, 25 de setembro, a partir do versículo 9, que a Bíblia de Jerusalém descreve assim:“As prudentes responderam: ‘De modo algum, o azeite não
poderia bastar para nós e para vós. Ide antes aos que vendem e comprai para vós’.”
Nessa parábola, Jesus utiliza a imagem comportamental das
dez virgens como parâmetro do Reino dos Céus, nelas simbolizando a humanidade
dividida entre a busca dos valores do Espírito imortal e a prosaica negligência
desses deveres para atender aos convites ilusórios do mundo. Assim, enquanto
cinco virgens se preparam prudentemente para a chegada do esposo (o Cristo!), tendo
à mão as lâmpadas que iluminarão o enlace devidamente alimentadas com o óleo da
responsabilidade e do compromisso, as outras se entregam, estouvadas, às
distrações: ora são as festividades, ora os cuidados excessivos com a família,
ora a preocupação em ganhar dinheiro...
Ora, nossa jornada espiritual é solitária, pessoal e
intransferível e se faz silenciosamente, na intimidade de nós mesmos e é isso o
que Jesus quer que compreendamos ao contar essa parábola. Essa mesma analogia
ele havia feito ao ensinar que “nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará
no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus” (Mateus 7:21). Trata-se, pois, de assumirmos decisivamente o
compromisso firmado há tempos com o Cristo, no estabelecimento de uma união duradoura
e abençoada, baseada no amor que tudo redime.
Aprendemos que a vida, nossa vida na Terra, é uma sucessão
de fatos que se repetem – a História assim o diz e comprova – até que as lições
que trazem sejam suficientemente aprendidas. Levando em conta que nem sempre
fomos fiéis ao Cristo, desatendendo a seu amoroso convite ao longo das
reencarnações, temos nos comportado, historicamente, muito mais como as “virgens
loucas” do que como as sensatas ou prudentes. Assim, é forçoso notar que, optando,
agora, pelo aprendizado espírita, decidimos tomar juízo e comprar o óleo para
nossa lâmpada pessoal, a fim de deixarmos “brilhar nossa luz diante dos homens”
(Mateus 5:16).
É, ainda e mais outra vez, a lição do desapego que nos chega
das orientações do Mestre Nazareno, para que despertemos, com a urgência possível,
do sono milenar em que nos encontramos. É de nossa incúria que o Messias fala
ao contar suas belas histórias, como a do festim de bodas: somos nós os
convidados que desprezam o convite para a participação no banquete de casamento.
(Fica até engraçado observarmos que somos, ao mesmo tempo, os convidados e a noiva
nesse enlace matrimonial.) Urge, portanto, comprarmos o óleo com o qual
acenderemos nossa lâmpada – mas onde, de quem?
Trata-se de um óleo que não encontramos nas prateleiras dos
mercados do mundo. Quer dizer, no aspecto material da Terra, mas nos cuidados
com as “coisas do Pai” – e isto nada tem a ver com a música de Beth Carvalho
mandada aos céus pela NASA para fazer sucesso no planeta Marte. Desse modo,
ainda que nas circunstâncias da vida material possamos ver ao menos a oportunidade
que o Criador nos oferece para começarmos a cuidar de seus assuntos, é no
interior de cada um de nós que encontraremos os elementos que precisamos
transformar no óleo referido pelo Mestre Jesus nessa parábola. O que conta, em
suma, é desenvolvermos nosso potencial de virtude através do trabalho abnegado
em favor de nós mesmos e do próximo, para assim consumarmos nosso casamento com
o Cristo cósmico.
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