Francisco Muniz
Neste dia 16 de setembro vamos comentar o versículo 16 do capítulo 9 dos Atos dos Apóstolos, no qual o evangelista Lucas trata da “vocação de Saulo”, o doutor da lei que se transformaria em Paulo após conhecer o Cristo no célebre episódio do caminho de Damasco. O texto da Bíblia de Jerusalém assim nos informa:
“Eu mesmo lhe mostrarei quanto lhe é preciso sofrer em
favor do meu nome.”
São palavras de Jesus que Lucas resgata num fantástico
trabalho jornalístico, ouvindo as duas partes envolvidas na questão – no caso,
o próprio Saulo, de quem era médico, e Ananias, o médium e discípulo encarregado
pelo próprio Cristo de atender o futuro Apóstolo dos Gentios, recém-chegado à
cidade síria, cego e transtornado pela aparição luminosa no deserto.
E é com alguma relutância que Ananias cumpre o pedido do
Senhor, porquanto conhecia a fama do doutor da lei nascido na cidade de Tarso. Obedece,
assim, à insistência de Jesus, que lhe diz: “Vai, porque este homem é para mim
um instrumento de escol para levar o meu nome diante das nações pagãs, dos
reis, e dos filhos de Israel”.
E tanto Saulo quanto seu alterego Paulo sofreram muito para
levar a cabo a tarefa que lhe estava delineada não sabemos há quanto tempo,
tornando-se o maior divulgador da doutrina do Cristo, que ele batizaria de
Cristianismo, que o mundo jamais conheceria outro igual.
Já dissemos aqui, em alguma parte de nossos estudos, que
toda a vida de Jesus é uma grande e bela metáfora de nossa jornada espiritual,
ou seja, repetimos em pequena escala cada um dos acontecimentos relativos à
experiência messiânica do Mestre; primeiro, inconscientemente, até que
despertemos para valer e realizemos a parte que nos cabe com total conhecimento
e responsabilidade, como o fez Paulo de Tarso.
Assim, importa-nos, neste comentário, analisar a frase
destacada no tocante a nós mesmos, pois também já sofremos e muito teremos
ainda a sofrer em favor do nome de Jesus, tanto para nos redimir dos erros do
passado, quando desprezamos a importância do Cristo ao nosso lado, quanto para
provarmos nossa adesão às suas propostas de renovação pessoal, cumprindo as
determinações que nos farão alcançar a Perfeição, um dia.
Desde os tempos primitivos do Evangelho, na Palestina ainda
dominada pelo Império Romano, o Nazareno tem nos mostrado o que é preciso
fazer, em seu nome, para vivermos com plenitude o que ele chamou de Reino dos
Céus – ou de Deus. Hoje, dominados ainda por um império – não mais o da velha Roma,
mas o do culto exacerbado da matéria, bem mais extenso e penetrante que o de
César – somos chamados a fazer o supremo sacrifício de nós mesmos naquilo que
nos escraviza ao mundo, a fim de que possamos dizer, como os primeiros mártires
no circo romano: “Ave, Cristo, os que vão viver te saúdam!”
Porque só há verdadeira vida em quem opta por viver de
acordo com as doces orientações do Cristo, nosso Senhor para sempre, porquanto o
jugo de sua lei é suave, assim como leve é o fardo, ou seja, o cumprimento dessa
lei, que outra coisa não é senão as multifárias manifestações do amor
incondicional.
E os dias que correm, apontando-nos o sofrimento aqui e ali,
perto e distante de nós, na própria pele (na alma!) ou naqueles que nos são
caros, o que afeta penosamente nosso coração, trazem-nos a necessidade dessas
autorreflexões. O Cristo, é certo, espera por nós, mas já é tempo de observarmos
a urgência de nosso despertamento do sono milenar em que nos encontramos e tomarmos
as rédeas de nosso aprendizado. Não para sermos outros Paulos, mas para nos
tornarmos alguém melhor que nós mesmos, porque nosso principal compromisso é
com a própria consciência!
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Abra sua alma!