Francisco Muniz
A programação de nosso estudo de algumas passagens destacadas do Novo Testamento, onde encontramos o manancial das lições de Jesus, elegeu hoje, dia 15 de setembro, o versículo 9 do capítulo 15 da Epístola de Paulo aos Romanos, que diz assim, nas páginas da Bíblia de Jerusalém:
“Com efeito, Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor
dos mortos e dos vivos.”
As cartas paulinas, todas elas, são uma declaração e
conclamação de fidelidade ao Cristo Jesus, por cuja anuência chegamos ao mundo,
pela reencarnação, a este mundo que, por determinação divina, ele criou, junto
com seus abnegados auxiliares, e governa através das leis de Deus que ele
conhece e aplica muito bem, com justiça, bondade e misericórdia, marcas de sua
amorosa assistência para com cada um de nós, ovelhas que somos de seu aprisco.
Com o versículo citado, o Apóstolo da Gentilidade quer dizer
que não nos separamos do Cristo, que ele não se aparta de nós, que todos
fazemos parte de um mesmo conjunto, de uma mesma grande família universal. Somos,
como bem disse Carlos Torres Pastorino em sua portentosa obra Sabedoria do
Evangelho, células do corpo crístico, do Cristo Cósmico que, vibrando na
dimensão da Inteligência Suprema, vitaliza-nos constantemente: é pelo Cristo,
portanto – diz Paulo –, que distinguimos os dias, comemos ou não comemos,
vivemos e também morremos, isto é, tudo que fazemos é pelo Cristo que o
fazemos!
Se cada uma de nossas atividades está inscrita na
contabilidade divina e é o Cristo o divino administrador de nossos dias, não é
mais sensato, uma vez despertos para essa verdade, vivermos de acordo com essa
realidade? Não é por isso que os homens santos renunciaram às ilusões do mundo,
os sábios decidiram cultivar as belas flores do jardim da Verdade e os mártires
sacrificaram a própria vida, para viverem com ainda mais proveito a Vida que
não se esgota?
O Cristo, pois, é o Senhor de vivos e mortos, quer dizer,
mortos segundo a carne, porque a morte não existe, conforme ele nos revela em O
Evangelho Segundo o Espiritismo (*), falando-nos como o Espírito de
Verdade. Estejamos encarnados ou desencarnados, a ele devemos todas as reverências,
posto ser ele quem autoriza nossa experiência na esfera material e determina o
tempo de voltarmos para casa, para nos retemperarmos na convivência com os
seres afins, preparando-nos para o retorno às lides terrenas. Certamente foi interpretando
essa passagem paulina que os pais da Igreja criaram a imagem, presente no Credo
católico e ligada à ideia de Juízo Final, que nos mostra Jesus vindo “para julgar
os vivos e os mortos”.
O Cristo é o Senhor de vivos e mortos. Como não o seria, se
inúmeros exemplos disso ele deixou desde sua passagem pela Palestina de dois
mil anos atrás, conforme os relatos evangélicos? Não bastassem seus ensinos
imortais, suas ações, digo, os atos da vida de Jesus corroboram as afirmativas
de Paulo. Pois à mulher samaritana ele não disse ser o portador da água viva que
dessedenta para sempre? Aos apóstolos e discípulos todos, não os informara de
que não ficariam órfãos, que ele pediria ao Pai e este nos enviaria outro
Consolador, que ficará conosco para sempre? Assim, instruirmo-nos pelo
Espiritismo é desenvolvermos fidelidade ao Cristo, colocando-nos como os homens
de boa vontade que o recepcionam hoje como naquela noite de seu advento, na
distante Belém palestina.
(*) Cap. VI – O Cristo consolador.
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