Esta data no Evangelho (13 de setembro)

Francisco Muniz




A consulta à Bíblia de Jerusalém nos leva hoje, dia 13 de setembro, ao capítulo 13 do Evangelho de Mateus, epigrafado como o “Discurso das parábolas”, em cujo versículo 9 temos o assunto para nossos comentários, no prosseguimento do estudo elaborado em torno de passagens evangélicas sob as luzes da Doutrina dos Espíritos. Eis o texto de nosso exame, tirado em meio ao relato da Parábola do Semeador:

“Quem tem ouvidos, ouça!”

Consideremos que, embora o verbo ouvir aí tenha a conotação de compreender, Jesus queria, ao nos contar essa parábola, ligar a audição ao ato de semear, de espalhar boas sementes, para que as colheitas futuras fossem e sejam cada vez mais fartas.

Lemos e ouvimos na atualidade que ouvir é uma arte. Os padres instituíram o confessionário para ouvir as angústias dos fiéis; na Casa Espírita, o setor de Atendimento Fraterno é basicamente um serviço de escuta; as organizações empresariais e instituições públicas contam com ouvidorias para atender as queixas e sugestões de seus clientes e funcionários com a finalidade de melhorar produtos e serviços.

Desde pequenos, ouvimos os conselhos maternos e paternos quanto à necessidade de escutarmos suas ponderações, a fim de nos resguardarmos das dificuldades que o mundo nos reserva: “Quem não ouve ‘aquieta’, ouve ‘coitado’”. De sua avó paraibana, de velha e boa cepa, minha esposa escutava esta recomendação bem humorada, mas assustadora, versão da anterior: “Quem não ouve pai e mãe, ouve o diabo descabelado!”

Ouvir é uma arte e uma necessidade. Nos tempos apostólicos, ao nos instruir nas coisas celestiais, o Cristo dizia que, como o vento, “o Espírito sopra onde quer; ouvis sua voz, mas não sabeis de onde vem nem para onde vai” (João 3:8). É ouvindo, pois, o silêncio, nos instantes de solitude, que conseguimos escutar, por assim dizer, a própria voz de Deus.

Meditando, ouvimos, na acústica da consciência, os bons conselhos que nos chegam pela via da intuição, ou da inspiração, quando nossos amigos espirituais – em geral, aquele a quem chamamos Anjo da Guarda – podem se aproximar com mais facilidade, uma vez controladas nossas emoções e pacificados nossos pensamentos.

A rigor, todos temos ouvidos, mas reconhecemos que nem sempre conseguimos ouvir, embora escutemos sons, à parte aqueles cuja audição é fisicamente deficiente. Ouvir, então, significa entender e interpretar o que ouvimos. Nesse aspecto, ter ouvidos de ouvir é o mesmo que ter olhos de ver, ou seja, esses órgãos devem servir à razão, instrumento maior da Inteligência, que é o próprio Espírito.

Habituemo-nos, pois, a ouvir o silêncio, as vozes da natureza, o outro, a própria consciência, como forma de exercitarmos a escuta do coração, sendo sensíveis à dor e às necessidades do próximo, tanto nos momentos em que ele precise desabafar seus dramas quanto quando ele não o possa fazer, tão opressiva seja a angústia em seu peito.

Fazendo assim, estaremos contribuindo com o Cristo e seus emissários, que necessitam de bons colaboradores para o embelezamento e aperfeiçoamento da Obra divina na Terra, no que tange à atenção aos nossos irmãos de caminhada.


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