Esta data no Evangelho (12 de setembro)

Francisco Muniz


O nono capítulo do Apocalipse, aberto na Bíblia de Jerusalém, corresponderá ao mês corrente e seu versículo 12 estará conforme este dia 12 de setembro, a fim de prosseguirmos nossos estudos em torno de algumas passagens do Novo Testamento, com base no aprendizado do Espiritismo. Eis o que diz o texto selecionado:

“O primeiro “Ai” passou. Eis que depois destas coisas vêm ainda dois “ais”...”

Esse capítulo do livro do evangelista João se refere ao soar da quinta trombeta, mas deixemos de lado as palavras cifradas do Apocalipse e cuidemos de interpretar o versículo citado de acordo com o esclarecimento que a Doutrina Espírita nos permite. Veremos, então, que em algumas mensagens utilizadas por Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo certos Espíritos Superiores fazem menção ao som de trombetas e a acontecimentos catastróficos previstos para estes “últimos dias”.

Se em O Livro dos Espíritos Kardec, interpretando o ensino dos Imortais, diz-nos, no tocante à Lei de Destruição, que de tempos em tempos Deus fustiga a Humanidade com flagelos destruidores com a finalidade de fazê-la avançar um pouco mais depressa, o Espírito Manoel Philomeno de Miranda informa-nos, em No Rumo do Mundo de Regeneração (*), que o Criador, desta vez, podendo utilizar quaisquer meios mais tormentosos, envia-nos agora apenas esta pandemia do novo Coronavírus (isto escrevo em 2021). Não é, ainda, o último “ai” que pronunciaremos ante os quadros de dores que teremos de experimentar, em nome do progresso espiritual, durante este período de transição, porquanto não há parto sem dor.

Não faz muito tempo, num dos cultos do Evangelho no Lar aqui em casa, lemos, minha esposa e eu, o tópico referente aos “obreiros do Senhor” (**), no qual o Espírito de Verdade assegura já termos chegado ao “tempo do cumprimento das coisas anunciado para a transformação da Humanidade”. Nesse texto, o Cristo (o Espírito de Verdade!) louva a disposição dos bons servidores para o trabalho e lamenta a situação dos incautos que, “por suas dissensões, terão retardado a hora da colheita, porque a tempestade virá e serão carregados no turbilhão!”

E diz mais o Senhor, realçando que “Deus faz, neste momento, o recenseamento dos seus servidores fiéis e marcou com o seu dedo aqueles que não têm senão a aparência do devotamento a fim de que não usurpem mais o salário dos servidores corajosos (...)”. A estes é que serão confiados “os postos mais difíceis na grande obra de regeneração pelo Espiritismo”, quando então se cumprirão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no reino dos céus!”

Na verdade, desde que andava pela Palestina o Cristo já nos avisava quanto a tais acontecimentos, afirmando que, quando chegassem, não adiantaria fugir para as montanhas ou se refugiar nos telhados das casas, uma vez que a dor nos alcançará onde estejamos, por força da própria aplicação da Lei. Assim, não adiantará pedir misericórdia nem dizer “Senhor! Senhor!”, porquanto o tempo, a oportunidade de se trabalhar na Obra divina, que é o próprio homem em sua intimidade espiritual, foi desperdiçada.

Os “ais” virão, portanto, a julgar por nossa proverbial mania de procrastinar, de deixar toda tarefa importante para depois, preferindo cuidar dos prazeres sensoriais. No entanto, os lamentos podem ser evitados, pois ainda é tempo de reconsiderarmos o comportamento deficitário e, conforme dizia o médium Francisco (Chico) Cândido Xavier, começarmos agora para fazer um novo fim, porquanto é impossível voltar atrás para fazermos um novo começo.

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(*) Psicografia do médium Divaldo Franco; ed. LEAL, 2020.

(**) O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XX, item 5.


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