Esta data no Evangelho (9 de agosto)

Francisco Muniz


Neste dia 9 de agosto, nosso programa de estudo nos leva ao capítulo 9 do Evangelho de Marcos, que inicia abordando o tema da transfiguração de Jesus no Monte Tabor, fenômeno testemunhado pelos apóstolos Pedro, João e Tiago. Eis o que diz o versículo 8 na Bíblia de Jerusalém, que utilizamos para nosso comentário baseado na Revelação Espírita:

“E de repente, olhando ao redor, não viram mais ninguém: Jesus estava sozinho com eles.”

As reuniões de intercâmbio com os Espíritos são a expressão daquele banquete nupcial referido por Jesus na Parábola do Festim de Bodas. No episódio do Tabor, o Messias se encontra com Moisés e Elias (sim, João Batista já havia desencarnado, decapitado por ordem do rei Herodes) e com eles confabula, sob os olhares atônitos dos três discípulos. Segundo o evangelista, Tiago, João e Pedro estavam atemorizados e diziam coisas sem sentido até que tudo cessa e estavam outra vez sozinhos, o Mestre com eles.

Pois é: quando a festa acaba, todos vão embora; ao fim do culto religioso, os fiéis se retiram para suas casas; finda a reunião de família, como a que tivemos ontem, festejando o Dia dos Pais, a casa esvazia; terminada a cerimônia fúnebre, os que compareceram ao velório para a "última despedida" seguem seu caminho... Mas o Cristo permanece! Nos momentos de solidão, sentindo-nos abandonados pelos companheiros, Jesus é a companhia mais certa. Não disse ele que ficaria conosco até o fim dos tempos?
Mas meditemos na última frase da passagem descrita por Marcos: “Jesus estava sozinho com eles”. Ou, antes, pensemos na primeira parte dessa frase: “Jesus estava sozinho...”

Um querido amigo, profundo conhecedor do Evangelho cujas conclusões costuma expor em suas belas palestras, costuma afirmar que em sua consideração o doce e meigo Rabi parece dizer assim, dirigindo-se a nós, suas ovelhas transviadas: “Sem mim, vocês estão perdidos pelo mundo; sem vocês, eu sofro na solidão!”

Sim, há momentos em que deixamos de estar na companhia do Cristo, ou melhor, quando não queremos que ele esteja conosco. É quando cedemos aos impulsos próprios de nossa condição inferior, preferindo as ilusões entorpecentes do mundo em vez de nos mantermos no caminho que propiciará nosso despertamento para a realidade do Espírito imortal. Nesses momentos, o Cristo padece na solidão.

Uma vez tive um sonho curioso: eu me via saindo de uma casa para chamar os homens de volta para esse ambiente onde o Cristo dormia e lá só se encontravam as mulheres; era preciso que os homens viessem, porquanto somente unidos às mulheres no trabalho comum é que o Cristo despertaria.

Com efeito, foi para despertar a humanidade de seu sono milenar que o Messias desceu ao mundo, tal como previsto pelos antigos profetas, especialmente Isaías; veio ele nos clamar à tarefa de cultivar a vinha do coração para que ali se instale o Reino de Deus. E a essa tarefa, convenhamos, precisamos nos aplicar com a urgência possível, pois são chegados os tempos da colheita, quando o joio será separado do trigo, ou seja, os bons trabalhadores serão preferidos, em detrimento daqueles que não atenderam ao chamado.

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