Esta data no Evangelho (4 de agosto)

Francisco Muniz




"Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante delito de adultério."

Essa passagem constitui o versículo 4 do capítulo 8 do Evangelho de João e nos dá a oportunidade de, mais uma vez, comentar, neste dia 4 de agosto, a atitude de Jesus, eximindo-se de julgar e condenar a pobre pecadora, antes preferindo arguir a idoneidade de seus acusadores. Teriam eles autoridade moral suficiente para fazer justiça com as próprias mãos, ainda que a lei civil mosaica assim o permitisse?
Aqui em casa, minha esposa e eu temos nos ocupado do culto do Evangelho no lar diariamente, enriquecendo nossas noites com as luminosas lições constantes da terceira obra da Codificação Espírita. Numa dessas vezes, o tema escolhido aleatoriamente foi "caridade para com os criminosos", ocasião em que nos perguntamos o que é crime, para conceituarmos a condição dos criminosos.
Concluímos, minha mulher e eu, que o crime é a infração às leis, sejam elas dos homens ou divinas. Com relação a estas últimas, consideramos que, se hoje procuramos andar "na linha", cumprindo nossos mais sagrados deveres conscienciais, nem sempre foi assim, pois trazemos uma extensa folha corrida dos delitos anteriormente praticados, na extensa trilha percorrida reencarnações afora.
Sob esse ponto de vista, quem poderá, de fato, dizer que não tem alguma culpa no cartório? Foi o que o Mestre propôs à multidão masculina disposta a apedrejar a mulher adúltera. No entanto, observando o próprio comportamento, primeiro os mais velhos, depois os mais novos, cada um foi saindo da praça, deixando as pedras da acusação e da penalidade no chão.
Esse episódio nos faz refletir que o adultério não é tão somente a traição conjugal ou o conúbio sexual ilícito, mas a simples desonestidade no cumprimento de nossas atribuições mais comezinhas, uma vez que, agindo assim, estamos afrontando a Lei de Deus inscrita em nossa consciência. Somos, portanto, juízes de nós mesmos, mas só despertamos para esse fato ao nos aproximarmos da velhice, porquanto quando jovens sentimo-nos os donos do mundo e da verdade.
Mas o tempo da reflexão sempre chega, trazendo junto o sentimento de culpa chamado remorso e, se estamos dispostos à renovação íntima, também o arrependimento propiciador do perdão que, por sua vez, conduz-nos à reparação. Mas todo esse sofrimento pode ser evitado, bastando ouvir as palavras de Jesus na acústica do próprio coração: "Não julgueis, pois com a mesma medida que julgardes sereis julgados". E a consciência é um juiz muito severo, às vezes.

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