Esta data no Evangelho (31 de julho)

Francisco Muniz


"O Cristo vem, prepara-te!" 

Ainda hoje lemos e ouvimos alguns religiosos apregoarem a chegada do Messias há muito anunciado pelas Escrituras ou a segunda vinda de Jesus ("parusia", em grego), passados mais de dois mil anos de sua partida deste mundo que pouco aproveitou das mensagens libertadoras disseminadas desde a Palestina.
 
Neste 31 de julho, portanto, trataremos de comentar essa situação a partir da compreensão do que nos diz o Evangelho de João no versículo 31 do capítulo 7, sob o tópico "Jesus anuncia a sua próxima partida", conforme o texto da Bíblia de Jerusalém:

"Muitos, porém, dentre o povo, creram nele e diziam: "Quando o Cristo vier, fará, porventura, mais sinais do que os que esse fez?"

Essa passagem é reveladora do caráter maleável ou volúvel dos crentes que se pautam quase que tão somente pela apreciação dos fenômenos, fazendo-nos recordar a Parábola do Semeador contada pelo Mestre.

Com efeito, boa parte das sementes cai em solo estéril ou nos espinheiros ou é comida pelos passarinhos, significando a falta de reflexão por parte daqueles que tomam os fatos religiosos unicamente por sua feição aparente, superficial.

Com relação ao Espiritismo, que é Jesus de volta revivendo a pureza de suas mensagens, costumo dizer, repetindo Allan Kardec, que esta Doutrina, embora nos alcance primeiramente pelo cérebro, pelo exercício intelectual, deve necessariamente penetrar-nos o coração, porquanto é correspondente do amor que liberta, ao passo que o intelectualismo pode nos manter escravizados a pensamentos sistemáticos.

Ora, os judeus, para os quais Jesus trouxe sua mensagem de paz, não reconheceram no Nazareno o Messias anunciado pelos antigos profetas e mesmo as gentes simples do povo tinham dificuldade em aliar os feitos de Jesus à sua natureza transcendente.

Na atualidade, a situação permanece a mesma: apesar da extensa difusão da mensagem cristã renovada pelo Espiritismo, atestando a ação globalizada dos Emissários divinos, que se espalham por todo o mundo com a finalidade de despertar as criaturas para a dimensão espiritual que nos é própria, ainda se crê no "sobrenatural" e nas "assombrações" que vêm "do outro mundo" para atormentar ou perturbar os pobres mortais.

Contraditoriamente, como na Palestina do passado, continuam, esses religiosos que não mergulham nas profundezas das lições abraçadas em sua própria crença, implorando aos Céus um sinal que os faça ter certeza da presença de Deus e da ação da Providência, mas lamentando o fato de que, quanto mais rezam, mais assombração lhes aparece.

O Cristo, porém, ao anunciar, na personalidade de Jesus, sua partida próxima, revelou que eles (nós!) não ficariam órfãos, pois ele pediria ao Pai e o Pai enviaria, no tempo mais propício, um outro consolador que ficará conosco para sempre.

Assim é que em meados do século XIX o mundo recebe a Terceira Revelação, através da qual os túmulos se abriram e os "mortos" falaram aos homens de boa vontade que se reconheceram, pela faculdade mediúnica, intermediários da ação benéfica da Providência em favor dos filhos misérrimos do Criador.

Através da Doutrina Espírita, portanto, Jesus retorna à Terra para jamais deixar a Humanidade desassistida. Com as obras da Codificação e dos livros que lhe dão sequência, todas as questões angustiantes recebem a devida orientação para a correspondente superação. Os homens são, assim, chamados ao compromisso com a própria consciência a fim de que, examinando as divinas leis que lhes dormitam no íntimo, aprendam a se transformar pelo autoconhecimento e reencetem sua caminhada para o encontro com Deus e consigo mesmos, pela adesão sincera aos preceitos daquele que é "o caminho da Verdade e da Vida", como prefere dizer Carlos T. Pastorino (vida a obra Sabedoria do Evangelho).

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