Esta data no Evangelho (28 de julho)

Francisco Muniz




Hoje, 28 de julho, calhou de voltarmos a Mateus para compulsarmos o último capítulo de seu livro, que se debruça, como já visto anteriormente, sobre a ressurreição de Jesus. Eis o que nos informa o versículo 7:

"Ide já contar aos discípulos que ele ressuscitou dos mortos, e que ele vos precede na Galileia. Ali o vereis. Vede bem, eu vo-lo disse!"

Já sabemos que quem assim fala é "o Anjo do Senhor" que recepcionou as mulheres - Maria de Magdala à frente - que foram ungir com óleo o corpo de Jesus mas encontraram o sepulcro vazio. Segundo Mateus, esse Anjo descera do céu durante um terremoto e tirara a pedra do túmulo, sentando-se sobre ela.

O que ressalta dessa passagem - e é importante nestas nossas considerações - é a ênfase que o Emissário celeste dá à necessidade de ver - e ver bem, com acerto e proveito! A princípio, o reforço diz respeito à raridade do fenômeno, uma vez que os judeus entendiam a ressurreição como a reencarnação aludida pelo Espiritismo.

No entanto, tratava-se de uma materialização espiritual e Jesus, na qualidade de um agênere - como os anjos que retiraram Ló e sua família dos padecimentos de Sodoma -, lhes apareceria assim na Galileia, de modo que vissem quem tinha olhos de ver, ou seja, quem dispusesse da faculdade medianímica da vidência. Os agêneres, segundo Allan Kardec, constituem uma espécie de aparição tangível, quando o Espírito adquire e manifesta os atributos de um ser encarnado.

Voltemos, contudo, ao nosso tema. Os relatos neotestamentários mostram que dois dos discípulos não lograram desenvolver tal faculdade - a vidência -, pois ao caminharem lado a lado com o Ressuscitado não o reconheceram a não ser quando o Cristo quis se fazer conhecido, ao repartir o pão com eles.

Mas concordemos em que a ênfase à faculdade de ver em verdade se prende à necessidade de se prestar atenção em algo com a finalidade de se aprender uma lição. É, então, aguçar a percepção espiritual que nos encarnados pode ser entendida como acuidade mental, tirocínio, a fim de que se chegue à mais profunda compreensão da realidade espiritual.

Pois Jesus, quando encarnado, por várias vezes fez essa recomendação a seus discípulos, no tocante a ter olhos de ver e ouvidos de ouvir. Ele se referia, está claro, ao modo de olhar, tanto para fora quanto principalmente para dentro de nós mesmos, pois só assim veremos a Deus, ou seja, visualizaremos o que parece invisível aos olhos físicos.

A esse espeito, vale recordar o pensamento do psicanalista suíço Carl Gustav Jung, segundo o qual "quem olha para fora sonha; quem olha para dentro desperta." E a hora é de despertar, a fim de que ressuscitemos para a vida verdadeira.

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