Francisco Muniz
É do capítulo 22 do Evangelho de Mateus na Bíblia de Jerusalém que retiramos o assunto que comentaremos hoje, dia 22 de agosto, de forma que apreciaremos, inicialmente, o texto do versículo 8, que diz-nos o seguinte:
“Em seguida, disse aos servos: ‘As núpcias estão prontas,
mas os convidados não eram dignos.’”
As parábolas, como figuras de linguagem, são comparações que
têm o objetivo de nos fazer entender certos enunciados aparentemente
enigmáticos. Era como Jesus gostava de instruir o povo ainda incapaz de
compreender as minúcias de seus ensinamentos. Nesse texto, portanto, Mateus apresenta-nos
o Mestre falando da Parábola do Banquete Nupcial, ou do Festim das Bodas,
comparando-os com o Reino dos Céus (ou de Deus).
Com efeito, há, de fato, quem não esteja ou não se mostre
digno de participar de tal banquete, tanto pela dificuldade de identificar o
Reino a que o Cristo se refere, quanto pelo comportamento refratário às leis
divinas. E quase todos nós nos vemos inscritos num desses dois casos.
Os espíritas, convém dizer, já não temos desculpas para acusar
a ignorância quanto às lições do Evangelho, uma vez que desde meados do século
XIX vimos sendo informados sobejamente sobre como viver os ensinamentos de
Jesus. Entretanto, os espíritas de hoje são/somos, quase todos, os cristãos
falidos do passado, de modo que nossas atitudes, malgrado o esforço no sentido
da autotransformação, ainda nos caracterizam como o “homem velho” referido pelo
apóstolo Paulo.
Desse modo, é pertinente ponderarmos com a profundidade
possível acerca da lição do Cristo informando que a inadequação de se pôr remendo
novo em roupa velha (Mateus, 9:16). É preciso, portanto, termos a coragem de,
procedendo à propalada reforma íntima, limar as asperezas de nossa
personalidade, confessando a nós próprios as muitas mazelas ainda presentes no
tecido da alma, matrizes dos vícios e das enfermidades apresentadas ocasionalmente
no corpo físico. Somente assim nos tornaremos dignos de participar do banquete
nupcial.
A esse respeito, vale recordarmos o final da parábola, para
ajuizarmos que a simples participação no banquete não nos confere dignidade,
uma vez que, no relato de Jesus, havia um dos convidados sem a roupa adequada para
aquela finalidade. Esse homem foi retirado dali, por ordem do Rei (Deus) e
jogado às trevas exteriores, onde há choro e ranger de dentes, conforme Mateus
registra na continuação do texto em destaque.
Nessas imagens podemos intuir tanto nossa condição anterior
à presente encarnação quanto a próxima, caso não saibamos cumprir as sagradas
determinações. Para isso, é necessário fazermos continuamente o exame da
consciência comparando nosso comportamento (padrão de pensamentos rotineiros, teor
de palavras amiúde proferidas, qualidade dos atos habituais...) com a maneira
como nos apresentamos no ambiente do trabalho religioso – no nosso caso, a Casa
Espírita.
É que os tempos são chegados em que, na dimensão espiritual,
acontece a separação entre as “ovelhas” e os “bodes” (Mateus, 23:31-46), isto
é, entre aqueles realmente comprometidos com os ideais do Cristo, trabalhando
com abnegação, e os demais que só têm a aparência do devotamento, porquanto destes
vaticinou o Mestre nazareno (Mateus, 15:8): “Este povo me honra com os lábios,
mas seu coração está longe de mim...”
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