Francisco Muniz
Da segunda Epístola de Paulo aos Coríntios vem o assunto de nossos comentários neste dia 21 de agosto, de modo que vamos ao versículo 21 do capítulo oitavo, no qual o Apóstolo dos Gentios faz-nos um importante lembrete referente à administração da coisa pública:
“Com efeito, preocupamo-nos com o bem não somente aos
olhos de Deus, mas também aos olhos dos homens.”(*)
Paulo, aí, está nos conclamando ao serviço do Cristo com a
mais profunda generosidade em favor dos necessitados, que são a própria igreja
de Jesus, os quais, por viverem uma pobreza extrema, são capazes de produzir “tesouros
de prodigalidade”. Esse capítulo, a propósito, inicia a segunda parte da Carta,
intitulada “Organização da coleta”, razão para o apóstolo declarar que “quem
recolhera muito não teve excesso; quem recolhera pouco não sofreu penúria”,
porque os recursos recolhidos foram bem administrados.
Todos nós somos chamados a administrar os recursos que a
Providência nos coloca à disposição a fim de sermos verdadeiramente úteis à
grande Obra da Criação, de modo que a honestidade é certamente uma virtude que
precisamos exercitar com toda a reponsabilidade possível, a fim de não nos vermos
inscritos no Grande Tribunal como malversadores dos bens a nós confiados e
cedidos por empréstimo.
Por diversas vezes, seja ensinando diretamente, seja através
de suas parábolas, o Nazareno nos chamou a atenção para a necessidade de não nos
desviarmos do caminho reto: do reto pensar, no reto sentir, do reto falar e do
reto agir – conforme estabelecem as quatro verdades budistas –, com a
finalidade de sermos sempre fiéis administradores, porquanto os que procedem
contrariamente a tais princípios atraem para si o rigor da Lei.
Desse modo, é imprescindível demonstrarmos, em todas as
circunstâncias, diante dos homens e aos olhos de Deus, os valores de probidade,
honrando a confiança em nós depositada, e seriedade no trato, como dissemos
mais acima, da “coisa pública”. Em latim, essa expressão é escrita “re publica”,
remontando aos cofres públicos cuja gerência deve ser confiada a homens probos,
comprometidos com a boa administração dos impostos arrecadados, para propiciar
o progresso e assistir a população.
Do mesmo modo, na esfera da religião, os valores que os
fiéis depositam nas mãos de suas lideranças com muito mais propriedade devem
ser administrados com total responsabilidade, pelo único motivo de que tais recursos
lhes são encaminhados sob a supervisão de Deus!
Lamentavelmente, o mundo ainda enxameia de maus cuidadores, rareando
os exemplos de honestidade, ao ponto de Ruy Barbosa, o grande jurista baiano,
ter um dia proclamado estas palavras: “De tanto ver triunfar as nulidades; de
tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver
agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da
virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.”
Mas esses quadros tristes são próprios do materialismo que o
Espiritismo veio combater, fazendo-nos, seus profitentes, reconhecer que está
no egoísmo a raiz desses e de outros males que ainda escravizam a Humanidade. Cabe
à Doutrina dos Espíritos, portanto, conforme é seu objetivo, promover a moralização
dos homens, através da vivência dos princípios evangélicos, reconhecendo na
moral do Cristo a única capaz de transformar nossas más inclinações e
tornar-nos, um dia talvez ainda distante, perfeitos como o Pai celestial é
perfeito, como ensinou Jesus.
(*) Destaque do original na Bíblia de Jerusalém.
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