Esta data no Evangelho (18 de agosto)

Francisco Muniz


O capítulo 18 e o versículo 8 de Atos dos Apóstolos constituem o assunto dos comentários deste dia 18 de agosto, no prosseguimento de nosso programa de estudo de algumas das passagens do Novo Testamento. Hoje a Bíblia de Jerusalém nos sugere o registro do evangelista Lucas, amigo do Apóstolo dos Gentios, sobre a “fundação da igreja de Corinto”. Eis o trecho selecionado:

“Mas Crispo, o chefe da sinagoga, creu no Senhor com toda a sua casa. Também muitos dos coríntios, ouvindo a Paulo, abraçavam a fé e eram batizados.”

Paulo já estava a ponto de desistir da tarefa que o levara à Grécia quando aconteceram essas conversões. Ele havia deixado Atenas, onde judeus aí residentes, tanto quanto os próprios gregos o escorraçaram, desgostosos de ouvi-lo falar da ressurreição de Jesus. Mas na cidade de Corinto as coisas só se modificaram para Paulo, que abandonou a sinagoga onde falava aos sábados sob imprecações, refugiou-se numa casa vizinha. Silas e Timóteo haviam chegado da Macedônia e o grande divulgador do Cristianismo começara “a dedicar-se inteiramente à Palavra, atestando que Jesus é o Cristo”.

Assim, numa dessas noites o Senhor aparecera a Paulo numa visão e pediu-lhe que não temesse e continuasse as pregações na cidade, porquanto ele não estaria sozinho e ninguém lhe faria mal. Com efeito, reanimado, Paulo ficou um ano e meio em Corinto ensinando “a palavra de Deus” (as citações entre aspas são da Bíblia de Jerusalém).

Na atualidade já não há tanta dificuldade em se falar do Cristo, embora a oposição às ideias cristãs ainda seja uma realidade devido a seu caráter libertário, uma vez que elas contrariam os interesses daqueles que se colocam contrariamente à Luz. Os falsos profetas profetizados pelo Cristo continuam agindo entre nós e, sob a figura de lobos em pele de cordeiros, prosseguem iludindo os incautos e estes, cegos para a verdade, seguindo-os, dirigem-se todos para o abismo. Porque foi dito que nestes dias eles, os falsos profetas, fariam coisas capazes de confundir os próprios escolhidos “se isso fosse possível”.

Recordamos, então, que quando o Cristianismo tornou-se a religião oficial do Império Romano, por ato do imperador Constantino, aconteceu também o divórcio com o Cristo, representado pela deturpação dos ensinos de Jesus. Criou-se, pela Teologia, a figura da heresia e a imposição da “fé” se fez, culminando na perseguição e morte daqueles que se mantivessem vinculados à pureza das práticas cristãs tal como a herança apostólica estabelecera.

Nem o Espiritismo escapou dessa oposição desde seu nascimento, no século XIX, pois trazia, em sua feição de Consolador prometido, a missão de restabelecer todas as coisas, ou seja, todo o ensinamento de Jesus referendado por Paulo, resgatando assim a pureza original do Cristianismo primitivo.

Com o entendimento acerca da reencarnação e da influência dos Espíritos sobre os homens, pôde-se, então, ajuizar melhor, discernindo quanto aos reais interesses de certos grupamentos humanos, de caráter religioso ou não. Eram e são antigos inimigos do Cristo que, fazendo-se passar por seus seguidores, operam contra a disseminação da Verdade que liberta, de modo que muitas mentes seguem escravizadas.

É, portanto, dever dos aprendizes do Espiritismo que se vinculem principalmente aos valores evangélicos para bem cumprirem as tarefas que nos dizem respeito. E aqui trazemos a colaboração de Humberto de Campos, que após desencarnar mudou de ideia quanto à religião e dedicou-se às lides de esclarecer as inteligências, em nome de Jesus, e deixou-nos esta importante ponderação, no prefácio de seu livro Boa Nova (*): “Há espíritos esclarecidos e há espíritos evangelizados; eu me esforço para pertencer ao segundo grupo.”

E, por fim, ouçamos Allan Kardec, que nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo afirma que a Doutrina Espírita deve ser bem compreendida (esforço intelectual), mas sobretudo bem sentida (esforço sentimental), de modo que precisamos pôr em prática principalmente o lema deixado pelo Codificador: “Fora da caridade não há salvação”.

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(*) Boa Nova - psicografia de Chico Xavier, ed. FEB.


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