Esta data no Evangelho (16 de agosto)

Francisco Muniz


Vem do Evangelho de João o assunto a ser comentado neste dia 16 de agosto. Assim, o versículo 8 do capítulo 16, dedicado ao tema “A vinda do Paráclito”, oferece-nos estas palavras:

“E quando ele vier, estabelecerá a culpabilidade do mundo a respeito do pecado, da justiça e do julgamento (...)”

É Jesus falando a seus discípulos sobre sua necessidade de deixar a experiência terrestre, uma vez finda a missão que o trouxe ao mundo, sendo essa partida de interesse do discipulado, “pois se eu não for, o Paráclito não virá a vós”.

O Paráclito é o Espírito de Verdade, o Consolador prometido cuja vinda tem o objetivo de restabelecer “todas as coisas”, isto é, tudo o que o Cristo ensinou e exemplificou há mais de dois mil anos. Hoje entendemos que o Messias falava do Espiritismo.

Com efeito, trazendo aos homens o conhecimento das leis que regem a realidade do Espírito imortal, o Espiritismo revela tanto nossa preexistência quanto nossa sobrevivência à morte do corpo, bem como o intercâmbio com o mundo espiritual, a partir das faculdades mediúnicas presentes nos seres humanos – e, se bem compreendemos as lições de Allan Kardec, somente nos seres humanos!
 
Desse modo, entendendo já ter vivido outras vidas, como viverá outras tantas para se aperfeiçoar, o homem vê na reencarnação a resposta para as questões que o afligem: estão no passado as causas (“pecados”) dos tormentos que experimenta na atualidade, cujo resgate decorre da aplicação das sábias leis divinas, quando a justiça se estabelece no tribunal de sua própria consciência.
 
Ao trazer-nos de volta a pureza do Cristianismo primitivo, a Doutrina dos Espíritos recupera ou restabelece a real importância dos ensinos de Jesus, para quem é imperioso conhecermos a Verdade que liberta dos erros e dos vícios – e isso só se dá pelo exame de si mesmo e pela análise dos acontecimentos fenomênicos do mundo, em sua relação conosco, de maneira a procedermos à tarefa de autoconhecimento o mais proveitosamente possível.

O homem, portanto, está no centro de todo um movimento, todo um processo ou sistema que objetiva o melhoramento moral de toda a Humanidade e dele são exigidos, pela força e suavidade das leis divinas, esforços disciplinadores que irão, aos poucos, paulatinamente, afastando-o do caminho dos erros. Assim, galgando os degraus da elevação espiritual, ele alcançará aquele estado que o Mestre chamou de perfeição, cujo parâmetro é Deus.

Presentemente, achamo-nos a meio caminho desse entendimento, embora ainda bem próximos do início da jornada, segundo o que o Espírito Lázaro nos informa no tópico de O Evangelho Segundo o Espiritismo acerca da “Lei de Amor”. Diz ele, em bela quão instrutiva mensagem, que “no seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompido, só tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos”.

Somos candidatos, portanto, ao desenvolvimento de sentimentos enobrecedores, através das atitudes responsáveis para conosco mesmos e para com nossos semelhantes, o que nos fará mais agradáveis aos olhos de Deus. Para tanto, é preciso fazer contato e manifestar “o ponto delicado do sentimento” a que Lázaro alude e que é o amor: “Não o amor no sentido vulgar do termo, mas este sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas”.

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