Esta data no Evangelho (15 de agosto)

Francisco Muniz


O capítulo 15 do Evangelho de Lucas é todo ele dedicado às “três parábolas da misericórdia”, conforme a classificação dos organizadores da Bíblia de Jerusalém. Vamos, então, neste dia 15 de agosto, apreciar o texto do versículo 8, no qual o médico autor do livro começa a recordar a “Parábola da dracma perdida”, depois de ter relacionado a da “ovelha perdida” (ambas têm o mesmo sentido, portanto):

“Ou qual a mulher que, tendo dez dracmas e perder uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e procura cuidadosamente até encontrá-la?”

Devo dizer, antes de fazer o comentário desse trecho, que a terceira parábola misericordiosa que Lucas registrou é a do “filho pródigo”, na qual a misericórdia de Deus por seus filhos impenitentes Jesus a revela magistralmente. É dessa forma que analisaremos o versículo destacado, sob a luz meridiana da Doutrina dos Espíritos.

Com sua pergunta, o Mestre afirma, perante seus contemporâneos judeus, todos eles marcados pelo domínio e efeitos de uma fortemente arraigada cultura patriarcal, machista mesmo, que a mulher é mais prudente em suas atitudes, o que a leva a pensar nas mínimas providências para alcançar um objetivo. O homem, ao contrário, devido aos instintos belicosos, age quase sempre de inopino, certo de que o ataque é a melhor defesa, pondo a perder, assim, preciosas oportunidades de conciliação.

A esse respeito, o Nazareno ensinou que devemos ser “prudentes como as serpentes e mansos como as pombas”, daí a necessidade de reconhecermos que nossas muito mal conceituadas cobras são símbolo da sabedoria e não da maldade ou traição, como o preconceito, filho da ignorância, atribuiu.
 
Combatendo a agressividade própria dos homens (sei, algumas mulheres também trazem esse estigma na alma, o que só prova a verdade e justiça da reencarnação, através de cujo processo os Espíritos fazem suas experiências ora num sexo, ora no outro, com a finalidade de aprenderem as noções de civilidade imprescindíveis à boa convivência), Jesus também declarou que “desde João Batista o Reino dos Céus é tomado pelos violentos” (Mateus, 11:12), aludindo à época em que o Batista vivera como o profeta Elias, que mandara matar, em nome do Deus único, os sacerdotes politeístas do deus Baal.

Numa análise mais profunda, a atitude prudente não é exclusividade da mulher, mas da condição feminina, esta também fazendo parte do psiquismo humano e se manifestando tanto num sexo quanto no outro, embora preponderando na estrutura em que a presença do estrogênio predomine sobre a progesterona, que são, respectivamente, os hormônios característicos da organização feminina e masculina.

Sendo também uma virtude, a prudência está latente em todas as criaturas de Deus e deve ser desenvolvida para propiciar os resultados mais favoráveis. Isso quer dizer que ela pode ser aprendida, uma vez que o principal objetivo da reencarnação é o aprimoramento progressivo dos Espíritos, de modo que devemos ver nesse instrumento da divina Justiça um processo de reeducação – e educamo-nos pela repetição das lições.

Agindo prudentemente, evitamos cair nas armadilhas do ego enganador, que nos quer na mesma posição subserviente, e passamos a medir os prós e contras de nossas ações, ponderando sempre nas consequências que fatalmente advirão. Assim, para estarmos seguros na caminhada, importa nos precavermos com a bússola do Evangelho e o mapa que o Espiritismo nos oferece. Com as orientações de Jesus e Kardec, pois, não nos perderemos.

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