Esta data no Evangelho (13 de agosto)

Francisco Muniz



Voltamos hoje, 13 de agosto, ao Evangelho de Mateus para novamente apreciarmos um episódio de cura à distância. Sim, referimo-nos à cura do servo do centurião Cornélio, aquele que, acreditando-se indigno da presença do Senhor, não permitiu que Jesus fosse a sua casa. Como se deu o fato? Antes, porém, vejamos o que diz o texto do versículo 13 do capítulo 8 desse livro, lido na Bíblia de Jerusalém:

"Em seguida, disse ao centurião: 'Vai! Como creste, assim te seja feito!' Naquela mesma hora o criado ficou são."

As palavras de Mateus são taxativas e não deixam dúvidas quanto à comprovação da imediata recuperação do serviçal do oficial romano. E para que possamos compreender como se deu essa cura é preciso prestarmos atenção no teor da ponderação que ele faz ao Messias.

O Centurião Cornélio (seu nome só se tornou conhecido graças à reportagem do evangelista Lucas, que saiu entrevistando muita gente para fazer o registro dos Atos dos Apóstolos relativamente aos feitos de Jesus, interessado em imprimir o máximo possível de veracidade a seus escritos) havia dito ao Mestre não ser necessário que este fosse a sua casa porque ele próprio não se deslocava do quartel para atender a certas requisições: mandava um soldado ou um pelotão inteiro, pois que. sendo um comandante, tinham quem lhe obedecesse as ordens.

Pois bem! Jesus, o mestre do Espírito, também tinha seus muitos estafetas, todos disposto a cumprir suas suaves quão firmes determinações. Assim, a uma ordem mental sua, ao menos um desses Espíritos a seu serviço providenciou a recuperação do empregado enfermo, correspondendo à intercessão pela fé segura do centurião, fé essa que o Cristo louvou dizendo que em toda Israel não encontrara outra igual.

Isso quer dizer que, mesmo com poderes suficientes para operar esses fenômenos, o Mestre não prescindia do auxílio daqueles que lhe estavam abaixo na hierarquia espiritual. Em O Livro dos Espíritos - e também em A Gênese - lemos que os seres invisíveis de condição superior não se envolvem diretamente na realização de fenômenos materiais, o que explica, por exemplo, o episódio da tempestade acalmada a uma ordem de de Jesus: os chamados espíritos elementais, encarregados dos fenômenos da Natureza, interferiram para tornar mais tranquila a tarefa dos pescadores no barco do apóstolo Pedro naquela noite.

Talvez vocês se lembrem de que, entre nós, aqui em Salvador, após a morte daquela que hoje é reverenciada na comunidade católica como Santa Dulce dos Pobres, publicitários criaram uma campanha para adquirir recursos para as obras assistenciais que ela nos legou com este "slogan": "Peça à mãe que o filho atende." Era uma referência ao fato de que o "inferior" está sempre à disposição do "superior", remetendo ao episódio das Bodas de Caná. Naquela ocasião, Maria, mãe de Jesus, pede-lhe que providencie a reposição do vinho que faltara naquela festa de casamento. O resultado já sabemos.

Desse modo, podemos entender que, ainda que façamos nossos pedidos ao Mais Alto - a Deus, ao Cristo, à Mãe Santíssima, a Bezerra de Menezes, aos santos... -, será geralmente um emissário o executor do serviço solicitado, quando este possa ser de fato realizado, uma vez atendidos os critérios de necessidade e merecimento. Ou seja: continuemos rogando pela misericordiosa assistência espiritual, mas façamos por merecer o benefício através de uma conduta responsável na prática do bem alicerçada na fé sólida e racional.

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