Esta data no Evangelho (11 de agosto)

Francisco Muniz


Neste dia 11 de agosto, nosso programa de estudo nos leva mais uma vez aos Atos dos Apóstolos, onde o capítulo 11 trata deste curioso tema: "Em Jerusalém, Pedro justifica sua conduta" - já, já saberemos a razão disso; antes, porém, vejamos o que nos informa o versículo 8:

"E eu respondi: 'De modo algum, Senhor! Pois nada de profano ou impuro jamais entrou em minha boca.'"
 
O contexto: Pedro, respondendo a companheiros que o acusavam de ter estado com os incircuncisos, isto é, os gentios, e ceado com eles, contou-lhes a visão espiritual que tivera, na cidade de Jope, na qual lhe era mostrada uma como que toalha de mesa sustentando exemplares de vários tipos de animais terrestres, aves inclusive. Uma voz espiritual dizia ao apóstolo que ele matasse e comesse do que quisesse. Isso se deu por três vezes. (O número 3, considerado o número da perfeição - divino, portanto - desde Pitágoras, tem significativa importância nas análises sobre Pedro desde o célebre episódio da negação a Jesus.)

Após essa visão, chegaram três homens de Cesareia e o guia espiritual do velho pescador pede-lhe que os siga sem hesitação. A comitiva incluiu outras seis pessoas e entraram todos na casa do dito incircunciso, o qual contou que um anjo o ordenara chamar Simão Pedro, que lhe diria palavras cujo teor salvariam a ele e toda sua casa. Pedro diz que mal começara a falar e todos na casa ficaram cheios do Espírito Santo, isto é, mediunizados, e davam comunicações espirituais.

Então Pedro lembrou-se das palavras de Jesus: "João, na verdade, batizava com água, mas vós sereis batizados com o Espírito Santo", concluindo que se Deus concedeu aos outros o mesmo dom que a eles, os apóstolos e demais discípulos, quem era o Pescador para impedir a ação divina? E todos os que o ouviram tranquilizaram-se e glorificaram a Deus, acreditando que também aos gentios Deus havia concedido "o arrependimento que conduz à vida".

Aí temos muito bem esboçada a variedade e disseminação das faculdades mediúnicas e os consequentes fenômenos - vidência, voz direta, psicofonia... -, confirmando o que o profeta Joel havia antes predito, revelando as palavras de Iavé (o Cristo): "Nos últimos dias derramarei de meu espírito sobre toda a carne e vossos filhos e filhas profetizarão".

Ora, Allan Kardec, desde o século XIX, diz-nos que todos os homens são médiuns, em menor ou maior grau, de modo que a manifestação das faculdades mediúnicas acontece desde que o homem foi colocado no "jardim do Éden". Mas foi com a Revelação Espírita que veio o entendimento racional quanto à causa da fenomenologia espírita, resultando daí toda uma ciência com leis específicas que nos compete estudar para não incorrermos nos antigos preconceitos e atitudes medievais, quando os médiuns, sob a pecha de feiticeiros, eram perseguidos e até mesmo sacrificados nas fogueiras da Inquisição.

Nestes tempos, graças a uma verdadeira legião de emissários celestiais, encarnados ou não, já não precisamos justificar a ninguém nossa condição nem nos esconder para procedermos ao intercâmbio mediúnico com os Espíritos. Tal ato, contudo, é realizado, entre os espíritas, no ambiente protegido das Casas Espíritas, dedicadas ao estudo e à prática da mediunidade, cujo exercício é sobretudo ético, disciplinado e envolto no manto da discrição.

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