Esta data no Evangelho (8 de julho)

Francisco Muniz


Voltamos, neste 8 de julho, a Paulo de Tarso, que no capítulo 7 de sua primeira Epístola aos Coríntios trata dos "Estados de vida" e começa abordando a dicotomia "Matrimônio ou celibato?" e no versículo 8 faz ponderação nestes termos:

"Aos solteiros e às viúvas, digo que seria melhor que ficassem como eu."

Paulo tornou-se celibatário após sua desventura amorosa, porquanto sua amada Abigail, com quem tencionava casar-se, revelou-se irmã de Estêvão, o cristão que o antigo doutor da Lei fizera matar.
Grande Paulo, que desde dois mil anos atrás vem, por inspiração do Cristo, relembrar-nos as lições acerca do equilíbrio a fim de que nossa tarefa de aprimoramento espiritual não se perca.
Mas a passagem neotestamentária que nos cabe analisar aqui parece ficar sem sentido sem seu complemento no versículo seguinte:

"Mas, se não são capazes de dominar seus desejos, então se casem, pois é melhor casar-se do que ficar fervendo."

O Apóstolo dos Gentios nos fala, aí, da função sublime da energia sexual, que não deve ser desviada de seus deveres sagrados, quais sejam os de atrair as criaturas unidas pelas emanações do amor, ajuntá-las num clima de afeição tal que facilite a reencarnação de espíritos que formarão a prole. Com isso, ou seja, pela reprodução, se dá a realização da divina determinação quanto ao "crescei e multiplicai-vos".
A sexualidade, portanto, tem caráter superior, sendo expressão da energia criativa que comanda as ações humanas no aperfeiçoamento e aformoseamento da Obra divina, proporcionando o progresso dos seres no Universo.
Nos seres humanos, essa energia começa a se manifestar na adolescência, requisitando dos pais o cuidado necessário para que seus filhos, nessa fase de crescimento, aprendam a conduzir sua sexualidade com todo o equilíbrio possível, respeitando sua organização física, compreendendo a importância, funções e finalidade da aparelhagem genésico, tanto em si mesmo quanto no outro.
Isso quer dizer que a utilização da energia sexual, necessitando de boa condução, não dever acontecer precocemente, para que não haja desvios em sua finalidade, sendo direcionada unicamente para a busca do prazer irresponsável.
A esse respeito, recordamos a recomendação feita pela genitora desencarnada do poeta Cláudio Manoel da Costa, que lhe aparecia em sonho pedindo-lhe que se casasse com sua amada noiva Domitila, imortalizada como a Marília de Dirceu, para que ele refreasse tanto as paixões políticas quanto a exploração sexual de uma sua escrava. Essa história é contada no romance mediúnico "Confidências e um inconfidente", de Marilusa Vasconcelos.
Em seu livro "Nos domínios da mediunidade", o Espírito André Luiz nos diz que a ativação da energia sexual coincide com o desabrochar da glândula pineal, estreitamente ligada à eclosão das faculdades mediúnicas, razão pela qual será salutar recomendar aos jovens atividades físicas como a prática de esportes, para que a sexualidade não se desvirtue.
Entende-se, pois, que o ideal não é propriamente se estimular o celibato, apenas agir com equilíbrio até que o ser, despertando amadurecido para suas responsabilidades, abrace o matrimônio como um compromisso de elevação pessoal, familiar e social, com vistas à harmonia geral.

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