Esta data no Evangelho (6 de julho)

Francisco Muniz


Minh'alma se regozija no Senhor por abrir hoje, 6 de julho, o Novo Testamento no capítulo 7 da Epístola aos Hebreus, na qual Paulo de Tarso narra um pouco da história do sumo sacerdote Melquisedeque, comparando-o com a missão libertadora de Jesus. No versículo 6, que aproveitaremos nestes comentários, o Apóstolo dos Gentios diz o seguinte:

"Melquisedeque, porém, que não era descendente de Levi, cobrou de Abraão a décima parte e abençoou aquele que havia recebido as promessas de Deus."

A razão do meu regozijo, devo explicar, é a recordação de somente ter lido sobre Melquisedeque na monumental obra de Carlos Torres Pastorino "Sabedoria do Evangelho", composta de 14 volumes, dos quais seis ou oito passaram por minhas mãos.
Segundo Pastorino, Melquisedeque era, de fato, sumo sacerdote e criou ou deu início a uma ordem sacerdotal da qual Jesus teria status igual e veio à Terra para iniciar alguns homens já preparados, dentre eles Lázaro, seu primo de Betânia que não conseguiu passar pela última prova da iniciação: a morte que leva à ressurreição, necessitando da intervenção do Mestre.
Deixemos tudo isso de lado, porém, e cuidemos do que Paulo nos diz.
Entre os judeus, somente a tribo de Levi podia, por determinação de Moisés, organizador das atividades do povo hebreu, cobrar o dízimo. Hoje, de acordo com novo entendimento, essa décima parte corresponderá à prestação de contas que devemos fazer à autoridade hierárquica a qual estamos todos submetidos.
Notemos que, nessa passagem evangélica, Melquisedeque abençoa Abraão, significando, segundo Paulo, que o sacerdote, rei de Salém ("rei de paz"), tinha autoridade sobre o grande Patriarca hebreu. Aquele que detinha o poder de entrar em comunicação direta com Deus era inferior a um sacerdote.
Aí enxergamos a importância da humildade, traço do caráter de Abraão. Essa mesma humildade seria exaltada pelo Cristo, poucos milênios depois, como a condição "sine qua non" para cada vez mais nos aproximarmos do Criador e estabelecermos nossa união com a Divindade.
Jesus, com efeito, proclamou um dia estas palavras: "Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração", chamando-nos ao aprendizado que nos libertará das armadilhas do ego que, entronizado no orgulho e no egoísmo, detesta qualquer possibilidade de submissão.
Acima do ego - a alma ainda rebelde ou deslumbrada pelo brilho falso das coisas perecíveis do mundo - está o Espírito, cujo processo evolutivo exige submeter o ego a disciplinas que o levem à morte para as ilusões e o faça despertar, ou ressuscitar para a Realidade espiritual.
"Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará", ensina-nos o Cristo, e essa Verdade, superior às verdades que costumeiramente abraçamos em nossas buscas pelo Conhecimento, está em calçarmos as sandálias do Pescador e seguirmos o caminho apontado pelo Filho do Homem para que um dia nos vejamos realizando o Reino de Deus em nós mesmos.

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