Esta data no Evangelho (3 de julho)

Francisco Muniz



Leio, neste sábado 3 de julho do ano de Nosso Senhor de 2021, no versículo 3 do capítulo 7 dos Atos dos Apóstolos, livro escrito pelo evangelista Lucas, estas palavras do profeta Estêvão, discípulo do Cristo mandado martirizar pelo doutor da lei Saulo de Tarso:

"E lhe disse: 'Saia da sua terra e da sua família e vá para a terra que eu vou lhe mostrar."

É uma lição sobre o desapego, uma das duas grandes tarefas que vimos realizar no mundo - a outra é o exercício do perdão incondicional a todos por qualquer coisa que nos tenham feito. E perdoar, convenhamos, também resulta em desapego.
Nessa passagem, Estêvão se refere à ordem de Deus ao patriarca Abraão, e o fundador das três grandes religiões monoteístas - o Judaísmo, o Islamismo e o Cristianismo - prontamente obedeceu, iniciando a grande saga do povo hebreu.
É da vontade de Deus, devemos entender, que aprendamos a deixar tudo que nos prende à ilusão do mundo material - coisas e vínculos enganadores como linhagem e parentesco - em razão e demanda da terra espiritual que precisamos alcançar e realizar na intimidade de nosso ser.
É claro que não se trata de repudiar a família e os parentes todos, mas de vencer o apego muitas vezes doentio causado pela dependência de uns em relação aos outros. Assim que a expressão apaixonada "eu não vivo sem você" é falsa, desde que aí não se percebe a vida espiritual além da simples relação material.
A morte do corpo físico põe fim a muitos relacionamentos construídos na Terra mas não encerra as ligações baseadas nas afeições sinceras e é dessa maneira que devemos interpretar a lição de Estêvão e Abraão, ensinamento que o Espiritismo, em revivendo a pureza do Cristianismo primitivo, resgata e nos convida a praticar.
A vida na Terra, concluímos, é só um estágio no aprendizado para a vivência espiritual, na qual e pela qual enxergamos todos os homens como membros de uma grande e única família - a dos filhos de Deus, o Pai amantíssimo que nos criou simples e ignorantes para que desenvolvêssemos valores imperecíveis e sabedoria com vistas à Vida verdadeira.

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