Esta data no Evangelho (25 de julho)

Francisco Muniz


Aberta a Bíblia de Jerusalém no Evangelho de Marcos, que só tem 16 capítulos, buscamos o de número 7, referenciando o mês, para extrairmos de lá o versículo 25, correspondente deste 25 de julho, e lemos o que segue:

"Pois logo em seguida, uma mulher cuja filha tinha um espírito impuro ouviu falar dele, veio e atirou-se a seus pés."

Nesse citado capítulo, Marcos aborda as viagens de Jesus fora da Galileia e enfatiza a "cura da filha de uma siro-fenícia". É essa mãe zelosa que se atira aos pés de Jesus, buscando libertar sua filha da constrição obsessiva.

A cura das obsessões espirituais, isto é, das ações de um espírito malfazejo sobre outro, geralmente encarnado, não é muito simples de se obter, necessitando fé sólida, perseverança e paciência, o que muitas vezes implica em mudança de comportamento.

O episódio narrado por Marcos evidencia a firmeza da fé da mulher siro-fenícia que, assim como se deu com o centurião Cornélio, recorre ao Cristo com a certeza de que ele é a solução para seu caso, em favor da filha.

Nenhuma cura é rápida, demandando o tempo compatível ao esforço e à capacidade de recuperação de cada paciente. Nos casos de obsessão, também o espírito "impuro" é um paciente a necessitar de cuidados tão ou mais especializados quanto aqueles dispensados à suposta "vítima".

Sabedor da ciência que rege cada fenômeno resultante das relações entre os "vivos" e os chamados "mortos", Jesus prova a fé daquela mulher inicialmente negando-lhe o benefício, pois tinha vindo somente "às ovelhas perdidas de Israel".

Ela insiste e no tempo de duração de seu interessante diálogo com o Senhor os emissários do Cristo, na dimensão invisível, estão providenciando a liberação do espírito "impuro", devolvendo assim o equilíbrio psíquico e orgânico da garota.

O que há de interessante no diálogo estabelecido entre Jesus e a mulher siro-fenícia (grega, segundo Marcos) é que ela, demonstrando uma fé raciocinada, qual a que Allan Kardec preconiza no frontispício de O Evangelho Segundo o Espiritismo, expõe argumentos que recebem a anuência do Messias: "Pelo que disseste, vai: o demônio saiu da tua filha."

Jesus pede nossa fidelidade para atendimento dos rogos que lhe fazemos. Muitas vezes, rogamos assistência espiritual em favor daqueles a quem amamos e a Providência sabe agraciar sobremaneira aos necessitados pela intercessão feita por um coração amoroso.
 
A literatura espírita é rica desses exemplos, apresentando a ação intercessória de Espíritos abnegados em benefício de encarnados ou entidades sofredoras, sobre as quais recaem as bênçãos do Alto, não sem antes o imprescindível esclarecimento que deve resultar em aprendizado e mudança de atitude para com as divinas Leis, sob pena de verem-se agravados os padecimentos.

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