Esta data no Evangelho (21 de julho)

Francisco Muniz



O epílogo que encerra o Evangelho de João, numerado, portanto, como o 21.º capítulo, traz o ensejo para nossos comentários neste 21 de julho. Assim é que no versículo 7, correspondendo a este mês, lemos o que segue:

"Aquele discípulo que Jesus amava disse então a Pedro: 'É o Senhor!' Simão Pedro, ouvindo dizer 'É o Senhor!', vestiu sua roupa - porque estava nu - e atirou-se ao mar."

Como se sabe de sobejo, o discípulo amado era o próprio evangelista, testemunha de muitos acontecimentos protagonizados pelo Mestre relatados de forma mística. João, como reconheceu Carlos Torres Pastorino, recheou suas informações acerca dos atos do Cristo com detalhes que, embora passem despercebidos ou desnecessários por alguns estudiosos do Evangelho são, contudo, reveladores da realidade espiritual que à época não se podia compreender, tanto quanto hoje, admitamos!

Com sua acuidade mental, indicativa de sua evolução espiritual, João, diz Pastorino, autor da obra Sabedoria do Evangelho, escondeu dados importantes em números e datas, deixando à posteridade o trabalho de interpretá-los o mais convenientemente possível. E para conseguir esse seu intento, Pastorino, que havia estudado Teologia, valeu-se do grego, do hebraico e do aramaico - a língua que Jesus falava.

Mas o importante aqui é analisarmos a conduta de Pedro, o apóstolo sobre quem o Messias declarara que ergueria sua igreja. Estavam no barco, pescando, muitos dias após a Ressurreição, e Jesus lhes apareceu na margem do lago de Tiberíades. Impulsivo, mas agora consciente de seus atos, Pedro joga-se às águas.

De fato, o comportamento de Simão nesse episódio diz respeito à atitude de todo aquele que, compreendendo na própria alma o alcance da expressão "É o Senhor!", atira-se de imediato ao mar da realidade material pela reencarnação com a certeza de que o Cristo está à espera na margem, oferecendo proteção e consolo.

Para tanto, é preciso reconhecer a própria nudez, isto é, a falta de qualificativos próprios, e vestir a roupa. Não será nunca, esta, uma roupa comum, mas aquela com que nos apresentaremos ao divino Amigo que um dia nos falou da túnica nupcial imprescindível à participação no banquete das alegrias celestiais que só admite os puros de coração.

Desde aquele tempo fomos chamados à compreensão de que o mar em que navegamos no mundo é assaz tormentoso e torna-se necessário aproveitar os recursos disponíveis para o encontro com o Cristo - o que é, em verdade, um auto encontro -, com a certeza de que assim venceremos as tormentas que até então nos ameaçavam...

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