Esta data no Evangelho (2 de julho)

Francisco Muniz


Ao abrir o livro do evangelista Lucas no capítulo 7, referente a este mês de julho em nosso estudo, reparamos que o segundo versículo, correspondente ao dia de hoje, traz o seguinte texto, sob o título geral de "A fé não tem fronteiras":

"Havia aí [na cidade de Cafarnaum] um oficial romano que tinha um empregado, a quem estimava muito. O empregado estava doente, a ponto de morrer."

Jesus havia acabado de entrar em Cafarnaum, na Galileia ("jardim fechado"), ao norte da Palestina. Nessa cidade, onde o Senhor se refugiava após peregrinar pela região em companhia de seus muitos discípulos, moravam alguns dos apóstolos, especialmente Simão Pedro, em cuja casa Jesus se hospedava.
Nesse dia, alguns anciãos acorreram ao Messias pleiteando sua amorosa assistência à causa do centurião - mais tarde identificado como Cornelius -, que era pessoa benquista na comunidade, apesar de ser romano.
Prontamente, Jesus dirige-se à casa do oficial, mas este, vendo a aproximação da comitiva, manda alguns camaradas dizerem ao Mestre que não é digno de ter o divino Amigo em sua residência e sequer se atreveu a ir vê-lo pessoalmente.
Entretanto, esse centurião, intuindo a condição e as responsabilidades que pesavam sobre os ombros do Filho do Homem, faz-lhe saber que também recebe ordens de seus superiores e, por sua vez, tinha subordinados às suas ordens, sendo bastante que Jesus ordenasse e seu servo ficaria curado.
Era uma demonstração de irrestrita confiança nos poderes do Deus dos judeus que causou admiração em Jesus: "Eu declaro a vocês que nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé."
Assim, quando retornaram à casa do centurião, encontraram o empregado curado.
Essa passagem nos fala tanto do poder da fé quanto da ação curadora a distância e do caráter inclusivo, amplo e irrestrito do Reino de Deus.
Com efeito, Lucas, que havia aprendido com o apóstolo Paulo e foi seu "ghost writer" e amigo leal, sabia que o alcance dos ensinos de Jesus deveria ultrapassar as fronteiras do país judeu - pois não era Paulo o "apóstolo dos gentios"?
Desse modo, era natural que o Cristo atendesse a outros apelos, como o fizera em relação à mulher siro-fenícia, embora afirmando, na ocasião, ter vindo unicamente para os judeus: "Não fica bem tirar da mesa dos senhores para dar aos cachorrinhos." Mas era apenas, essa aparente negativa, um teste para a fé daquela mulher, que foi enfim atendida em sua solicitação.
Assim compreendemos que, como seguidores de Jesus devemos, em nome da caridade que ele ensinou e exemplificou, assistir a todos que nos solicitem, sem procurarmos sabem quem são ou que crença professem. Tudo o que interessa ao Bem é expandir sua área de ação, determinando desse modo o caráter inclusivo do Evangelho.
A esse respeito, ao responder aos fariseus quanto ao maior mandamento, Jesus contou a Parábola do Samaritano, fazendo-nos entender que até mesmo aqueles de quem (ainda) não gostamos merecem e necessitam do auxílio que sejamos capazes de oferecer, porquanto todos somos filhos do mesmo Pai e este, em sua amorosa Providência, faz dos mais capazes os instrumentos mais necessários à superação das carências alheias.
Por isso Jesus delineou a seus discípulos mais diretos as tarefas que lhes caberiam executar no mundo, desde então: "Ide e pregai a Boa Nova: curai os enfermos, limpai os leprosos, expulsai os demônios."
Imitemos, pois, o Cristo, nosso guia e modelo!

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