Esta data no Evangelho (18 de julho)

Francisco Muniz



É ao som de "Julia dream", bela canção do Pink Floyd, que abro o Evangelho de Lucas neste dia 18 de julho para ler o versículo 7 do capítulo 18, que conta parte da parábola "O juiz iníquo e a viúva importuna", como segue:

"E Deus não faria justiça a seus eleitos que chamam a ele dia e noite, mesmo que os faça esperar?"

Costuma-se dizer que a justiça tarda, mas não falha. Sabe-se que as decisões na esfera da justiça humana, particularmente aqui no Brasil, são bastante lentas, daí se ter esperança na Justiça divina, que se reputa infalível.

Mas como funciona a justiça de Deus, se, segundo o Cristo, aqueles que apelam para o Tribunal divino precisam também esperar? A viúva da parábola importunava continuamente o juiz iníquo - por definição, inimigo do direito - até que ele resolveu atendê-la, para se ver livre daquela insistência.

Ora, sendo Deus soberanamente justo e bom, ele atende os rogos de todos os seus filhos, mas não no momento mesmo da solicitação que estes lhe façam. É preciso saber esperar o tempo certo da justiça e isso significa tornar-se merecedor da atenção do Altíssimo.

Em verdade, o homem não sabe o que é justiça, embora viva implorando por ela. Segundo Sócrates, através de Platão, somente a injustiça o homem conhece, por lhe ser esta vantajosa. Se alguém quisesse ser realmente justo, haveria de dar tudo que julga seu àquele que pouco ou nada tem.

Fazer-se justo, portanto, demanda muito tempo, o tempo da compreensão do que significa justiça e sua vivência.
 
Para Huberto Rohden, a justiça se contrapõe ao direito, que é do que tratam os tribunais da Terra, de modo que "o sumo direito é a suma injustiça. A justiça de Deus, contudo, deve ser entendida como justeza, isto é, o ajustamento do homem às sábias leis, para de fato merecer, no tempo mais condizente à sua solicitação, a atenção a seus pedidos.

Como as leis de Deus estão todas inscritas na consciência do homem, deve ele procurar conhecê-las meditando, a fim de compreender a Vontade divina e tornar-se obediente a ela, resignando-se se o atendimento for demorado ou não chegar, consciente de que o Todo Poderoso não dá pedras àquele que lhe pede pão.

Comentários