Esta data no Evangelho (17 de julho)

Francisco Muniz



Para os comentários deste dia 17 de julho, retornamos ao Apocalipse para decifrar, o quanto possível, o enigma do versículo 7 do capítulo 17, expresso nestes termos na Bíblia de Jerusalém:

"O Anjo, porém, me disse: "Por que estás admirado? Eu te explicarei o mistério da mulher e da Besta com sete cabeças e dez chifres que a carrega."

Ao lermos os versículos seguintes e interpretando-os historicamente, entendemos que o evangelista João, ao receber mediunicamente - assim como o poeta florentino Dante Alighieri com sua Divina Comédia - as revelações de seu livro, refere-se à cidade de Roma, assentada sobre sete colinas. Seguindo esse raciocínio, a Besta seria tão somente o imperialismo que, ao longo da História, muda continuamente de mãos (dos romanos passou aos ingleses e, destes, aos norte-americanos...) e se concentra dividindo-se entre alguns poucos países ou povos "poderosos" que exploram os demais através de conglomerados como o G-7, por exemplo.

Entretanto, interessa-nos a explicação mais consentânea com a realidade espiritual, de modo que cabe-nos abordar questões como a admiração e o mistério, as quais relacionaremos à fenomenologia espírita, ou seja, o resultado da ação dos Espíritos sobre a matéria.

O mundo objetivo, a realidade material, é eminentemente fenomênico, por se constituir de efeitos de uma causa subjetiva: o espírito, que em sua constituição íntima é invisível aos olhos físicos. Por essa razão muita gente ainda acredita que tais fenômenos estão na ordem das coisas sobrenaturais, participantes do reino do fantástico e do maravilhoso. Daí a crença em "milagres".

O Espiritismo, porém, ao jogar luzes novas sobre tais fenômenos, revelando-nos as leis que os regem, deixa-nos entender que são eles todos algo da Natureza, na qual atuam e se desenvolvem elementos fluídicos que se intercambiam constantemente para a formação e cessação de muitos outros elementos que na conceituação humana seriam imponderáveis.

Algumas passagens evangélicas protagonizadas pelo Cristo e alguns de seus discípulos são tidas por milagrosas justamente pelo desconhecimento da dinâmica desses acontecimentos, oculta aos olhos comuns.

No entanto, não é necessário pararmos na contemplação dessa fenomenologia, mas, o quanto possível, absorver-lhe as lições - e é esse o convite que nos faz a Doutrina Espírita ao repetir ou renovar os ensinamentos de Jesus. Se o fenômeno é para os olhos, as lições por trás de cada um deles são para a mente, a alma que precisa crescer para Deus.
 
Mais vale, portanto, render graças ao Pai Supremo no aprendizado dos "mistérios" de sua Obra que adotarmos a postura passiva do espectador embasbacado perante a ação magnânima do Criador através de seus prepostos.

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